Bonitinho, mas fedorento
Alexandre Bastos 23/06/2015 00:05
[caption id="attachment_34001" align="aligncenter" width="620"] Arcos são iluminados durante toda noite (Foto: Divulgação/ Sup. Comunicação)[/caption]

Do G1 (aqui) - Matéria de Stella Freitas

O Canal Campos-Macaé, inaugurado em 1861, possui grande importância histórico-cultural para Campos pelas cidades por onde ele passa, como Quissamã, Carapebus e Macaé, todas no Norte Fluminense. Há cerca de três anos o canal recebeu, através da Prefeitura, nova estrutura com projeto paisagístico, sinalização, vias e iluminação, no Centro. Mas apesar do investimento, moradores continuam reclamando do mau cheiro, provocado pela falta de limpeza do local, segundo especialistas.

A Prefeitura de Campos alega que durante as obras, entregues em 2011, o sistema de drenagem foi recuperado, mas especialistas discordam. Além disso, a obra dificulta a limpeza do canal, segundo o historiador ambiental Aristides Arthur Sofiatti. “Aqueles arcos não deveriam ter sido colocados ali. Eles dificultaram o trabalho de limpeza. É melhor um lugar limpo do que bonito”, aponta Sofiatti.

O canal tem 109 km de extensão e, conforme o Mapa de Cultura do Estado, é o segundo maior canal artificial do mundo, construído durante 17 anos por escravos. O objetivo da construção foi facilitar o escoamento da produção açucareira do século 19, que teve fim com a construção da Estrada de Ferro ligando os dois municípios.

Para moradores das proximidades da Beira-Valão, como é conhecida a Avenida José Alves de Azevedo, cortada pelo canal, o mau cheiro é uma agressão ao campista. “É um descaso com a população campista, sobretudo com a história da cidade. O valão teve enorme importância no processo de construção dessa cidade e agora ele é apenas um depósito de dejetos, uma distração para os olhos e uma agressão ao olfato. Ele só vai ser ponto turístico quando explorarem o turismo dele”, analisa a moradora Livia Tó.

De acordo com Sofiatti, a melhor opção para sanar de vez o problema do mau cheiro é a Prefeitura buscar meios de resgatar o canal através da limpeza das águas e não somente das bases, além de evitar o despejo direto de esgoto. “A saída que tem para esse canal é fazer a limpeza dele, bombear a água do [Rio] Paraíba quando ele tiver com com um nível alto para renovar a água do canal. Não lançar mais esgoto, não lançar mais lixo”.

Através de nota enviada ao G1, o secretário municipal de Desenvolvimento Ambiental, Jorge Rangel, informou que a limpeza ao longo do Canal Campos-Macaé está sendo feita desde a última semana. Segundo ele, está sendo realizada a roçagem de taludes do valão, a retirada de lixo e de material inservível lançado no canal, poda de árvores da margem e, posteriormente, será realizada panfletagem com a população para conscientizá-la da importância de não descartar lixo e material no canal.

Prefeitura diz que população é culpada pelo mau cheiro - A Prefeitura alegou ainda que o mau cheiro é proveniente do acúmulo de objetos lançados no canal pela população e que à medida que o trabalho de conscientização for feito, de forma gradativa, o problema será solucionado. Ainda de acordo com a Prefeitura de Campos, a Defesa Civil informou que uma balsa fica permanentemente sob a ponte Leonel Brizola, com duas bombas de capacidade de 1400 litros/min cada, que realizam diariamente o bombeamento de água para o Canal Campos-Macaé.

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