Miséria no Norte e Noroeste é destaque no jornal "O Globo"
Alexandre Bastos 02/06/2015 01:07
[caption id="attachment_33564" align="aligncenter" width="440"] Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo[/caption]

Num Rio de disparidades superlativas, cabe um Brasil inteiro. Se o Norte e Noroeste fluminense têm municípios com indicadores sociais que se aproximam do Norte e Nordeste do país, o estado também tem seu Sul maravilha, na região do Médio Paraíba, além de uma área metropolitana adensada e cheia de desafios, que se assemelha ao Sudeste brasileiro.

Entre São Francisco de Itabapoana, num dos extremos do estado, e Resende, na outra ponta do território fluminense, a distância é muito maior do que sugerem os 480 quilômetros que separam os dois municípios. Enquanto a cidade do Norte Fluminense tem, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, 15,6% de seus moradores na extrema pobreza — o pior índice do estado, comparável aos do Nordeste —, a do Médio Paraíba registra 1,6% de miseráveis — percentual igual ao de Santa Catarina, que tem a menor taxa entre as 27 unidades da federação. A segunda reportagem da série “Os miseráveis” revela os contrastes de um Rio desigual.

Como O GLOBO na reportagem deste domingo, o estado tem 3,77% de sua população (565.135 pessoas) vivendo na pobreza extrema, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Já o Ministério do Desenvolvimento Social, que dispõe de dados sobre os 92 municípios fluminenses, utiliza critérios diferentes dos do Ipea e contabiliza 1,74% de miseráveis, ou 283 mil pessoas.

Perto do petróleo, que na última década alavancou a economia do estado, mas longe da prosperidade vivida por cidades como Macaé e Campos — hoje afetadas pela crise no setor —, São Francisco de Itabapoana tem 41.354 habitantes (Censo 2010), sendo 6.452 extremamente pobres, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social. E não é difícil entender por que tantos vivem na penúria. De acordo com números do Ministério do Trabalho, no início deste ano, havia apenas 1.878 empregos formais na cidade. O que resta é a informalidade, na qual imperam salários de, no máximo, R$ 200, como o da empregada Jocilene Melo, que não tem carteira assinada nem sonha com os direitos assegurados pela PEC das Domésticas.

Na localidade do Valão Seco, o machadeiro Almir Alves Pereira segue a mesma profissão que garantia o sustento do avô, no século passado. Cata madeira seca no mato e a entrega na casa de quem usa fogão a lenha para economizar gás. O trabalho rende R$ 50 por mês: "Pego água para beber na torneira do banheiro de uma venda. Não tenho energia elétrica, nem vela em casa. Acordo com o sol e durmo quando anoitece".

São Francisco e Cardoso Moreira entre os cinco municípios com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): aqui 

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