MPF vê irregularidades no HFM
13/05/2015 10:05

Uma equipe do Ministério Público Federal (MPF) esteve na manhã de terça-feira (12) no Hospital Ferreira Machado (HFM), com apoio da Polícia Federal, e se deparou com superlotação, pacientes revoltados e medicamentos vencidos. Seis responsáveis diretos pelo armazenamento de medicamentos e um instrumento cirúrgico, com prazos de validade vencidos, foram presos em flagrante e levados para a 134ª Delegacia de Polícia onde pagaram fiança e foram liberados. Também esteve na DP, por iniciativa própria, o diretor do hospital, Ricardo Madeira. Mais tarde, em entrevista coletiva, ele informou que será aberta uma investigação interna para identificar o culpado de ter armazenado material vencido.

Em entrevista, durante a vistoria, uma senhora desabafou: “Isso é uma humilhação. Tem animal que é melhor tratado em Pet Shop do que a gente aqui”. Em uma maca no corredor, um rapaz disparou: “Estou aqui me sentindo um lixo. Faltam até itens básicos para cirurgia. Além disso, não tinha ambulância para me trazer. Enquanto isso, a cidade conta com um monte de ambulâncias paradas”, protestou.

A equipe do MPF também constatou o problema do elevador, que continua sem funcionar, após anos de reclamações. Funcionários, que preferiram ter a identidade preservada, contaram que um elevador não estaria funcionando há cerca de três anos. Sobre o elevador, Ricardo Madeira explicou que já foi feita uma licitação e a instalação do novo equipamento dependente de uma obra estrutural.

Segundo pacientes, a falta de leitos é a principal dificuldade. “Tenho um familiar de 37 anos que sofreu uma fratura na lombar e está internado desde o dia 20 de abril, sendo que já vai completar um mês. É necessário que seja feita uma cirurgia, mas até hoje nada foi feito. Até agora não sabemos quando ele vai operar”, disse.

A delegada da 134ª DP (Centro), Nathália Patrão explicou a condução dos funcionários à delegacia.

— Foi lavrado um auto de prisão em flagrante de seis pessoas, que foram as responsáveis por manter o remédio impróprio para consumo armazenado. Então a gente se direcionou pela responsabilidade penal pessoal, não lavrando o auto de flagrante em face do diretor do hospital, que tem diversas funções e delega. Apenas os responsáveis diretos pelo armazenamento desse medicamento impróprio para consumo no armário é que foram conduzidos e presos em flagrante. Todos pagaram fiança e foram liberados. O diretor do hospital vai responder civilmente, administrativamente. Com certeza vai recair uma responsabilidade em cima dele sobre tudo, mas o direito penal é uma responsabilidade pessoal. Não é porque ele é o diretor que iria responder por uma situação dessa, porque ele não tem como fiscalizar 24 horas todos os remédios que existem num hospital daquele porte. Isso é aceitável e razoável - explicou a delegada.

Por telefone, Ricardo Madeira afirmou que foi à 134ª Delegacia de Polícia, “de livre e espontânea vontade, na condição de testemunha. Não sou responsável pela compra, pela guarda ou pela distribuição de medicamentos. Não teria, portanto, como ser responsabilizado”, disse.

Material vencido será alvo de investigação

No início da noite, Ricardo Madeira e o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), José Manuel Moreira, reuniram a imprensa e relataram que será aberta uma investigação para identificar o culpado de ter armazenado material vencido em clínicas do HFM. “Quero deixar claro que os remédios não foram encontrados na farmácia do hospital e nenhum paciente estava fazendo uso do medicamento vencido. Estive na delegacia, prestei depoimento e fui liberado posteriormente”, declarou.

Sobre as últimas inspeções realizadas pelo MPF em unidades de saúde de Campos e irregularidades encontradas, como falta de médicos e também ausência de divulgação da escala dos profissionais para o público, Moreira disse que os responsáveis pelos erros serão punidos. “A ordem é que a escala seja fixada na entrada das unidades de saúde. Sobre a falta dos profissionais, os mesmos terão os dias que não foram trabalhar descontados”, ressaltou o presidente da FMS, relatando também que foram investidos mais de R$ 1 milhão no HFM nos últimos meses, inclusive que um novo tomógrafo chegou à unidade na tarde de terça.

J.H.R.
D.M.
Fotos: Genilson Pessanha 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS