Fratura exposta da Saúde Campos
Suzy 31/05/2015 23:47
Postado no blog Opiniões, de Aluysio Abreu Barbosa, meu artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã:

Artigo do domingo — Fratura exposta da

Saúde de Campos

Por Aluysio, em 31-05-2015 - 12h29
(Reprodução InterTV) (Reprodução InterTV)     Por Suzy Monteiro   Jornalista Suzy Monteiro Jornalista Suzy Monteiro Em 2008, o voto na então candidata Rosinha Garotinho simbolizava desejo de mudança e esperança em dias melhores para o município, que enfrentava um período difícil politicamente em meio a denúncias que culminaram com uma operação do Ministério Público Federal, que levou preso membros do primeiro escalão do governo Mocaiber. Fortalecida pelo desejo de mudança, Rosinha lançou-se candidata com uma campanha quase tecnicamente perfeita. Seu programa de governo trazia os pontos que refletiam o que os campistas esperavam do novo gestor, entre eles uma “revolução” na Saúde. Informatização das consultas, medicamentos presentes, desburocratização eram promessa de campanha do governo que prometia por a cidade no rumo do desenvolvimento, com a atenção que o maior município do Norte Fluminense merece. Quase sete anos se passaram. Para quem argumentar que sete anos é pouco tempo, dá para imaginar quantas pessoas nasceram e morreram nesse período? Uma criança que nasceu em 2008 hoje já aprendeu a ler e começa a ver o mundo com seus próprios olhos. De lá para cá, não foram poucas as matérias veiculadas em jornais, rádios e tvs mostrando reclamações de pacientes e familiares, a dor de quem precisa de uma resposta no momento mais delicado de sua vida: quando ela está em jogo. Não houve uma semana, talvez um dia, que não chegasse uma reclamação sobre remédios, uma criança precisando de um exame, um idoso, um diabético… Mais ainda, em recente entrevista, o presidente do sindicato dos Médicos, José Roberto Crespo, destacou algo que foi tomando forma aos poucos e que parece ter feito Campos andar para trás: Voltaram as filas nas madrugadas para marcação de consultas em muitos pontos. A resposta comum nesses casos tem sido que Campos é referência no atendimento e que diversos municípios enviam para cá seus pacientes. Pode ser. Mas se é referência não deveria ter um atendimento que primasse pela qualidade? Campos não deveria ter tomado na cabeceira dessa mesa e chamado os outros municípios para uma conversa que, se não resolvesse, ao menos minimizasse o problema? De 2009 — primeiro ano do primeiro governo Rosinha — até hoje não houve como construir, reconstruir, reformar ou sei lá o que o Hospital São José, que além de atender aos moradores da Baixada ainda poderia desafogar o Hospital Ferreira Machado? Recentemente, o mesmo Ministério Público Federal tem realizado inspeções em hospitais de municípios da região e mostraram o quão longe da “revolução” prometida está a Saúde de Campos. Medicamentos vencidos, pacientes em macas espalhados por corredores, médicos ausentes, esquipamentos com defeito. O procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira, disse que as inspeções surpreenderam negativamente: E destacou o caso do HFM, onde agentes encontraram (aqui) medicamentos com validade vencida fora da farmácia, já nos setores próximos. Acompanhadas pela imprensa, as inspeções  mostraram uma fratura exposta e que parece longe de uma cura. Talvez porque a culpa é sempre do outro: Ou do médico, ou do gestor, ou paciente ou, até, da oposição, que não administra nada, mas também já foi responsabilizada em alguns momentos. O que chamou a atenção durante as operações do MPF foi o alívio de pacientes e familiares. Parecia que, enfim, alguém que poderia resolver estava indo ver e solucionar o problema. Engano. Não pode. O MPF pode recomendar, apurar, fazer um já famoso TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), abrir um inquérito. Pode até prender. Mas resolver, só o governo. E quem manda no governo — salvo engano — é a prefeita Rosinha. Então, quem deveria fazer uma inspeção nas instituições de Saúde da cidade que administra é a prefeita e seus secretários. Ir a inaugurações, em dias de festa, não retrata a realidade. O maior erro de um administrador público é ver o mundo pelos olhos de seus assessores. É preciso ver o que o MPF viu, ouvir a voz da população. É preciso tentar curar essa ferida. É preciso ver para crer e resolver.   Publicado hoje na Folha da Manhã

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Suzy Monteiro

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS