Após empurrar carnavalescos com a barriga, Prefeitura cancela Carnaval
Alexandre Bastos 22/05/2015 10:44
[caption id="attachment_33299" align="aligncenter" width="493"] Cepop, que custou R$ 100 milhões, não vai ter samba em 2015[/caption]

Em janeiro deste ano o então deputado Anthony Garotinho (PR) sugeriu a suspensão do Carnaval fora de época, que na ocasião estava marcado para os dias 01, 02 e 03 de maio (aqui). Dias depois, os rosáceos começaram a empurrar os carnavalescos com a barriga. Segundo os membros do governo, a ideia era buscar parcerias e manter o evento, que em edições anteriores, na época das vacas gordas, contou com escolas de samba do Rio, shows nacionais e cachês para Milton Cunha e Viviane Araújo.

Em março, a Prefeitura publicou um  “chamamento público com o objetivo de captar recursos financeiros”. Na época, já como secretário de Governo, Garotinho disse: “Soube que a Ambev estaria interessada. Não sou contra o Carnaval, mas na minha opinião a festa só poderia acontecer com patrocínio”.

No dia 26 de março, sem patrocinadores definidos, o blog informou que a ideia da Prefeitura era empurrar o Carnaval para junho (aqui). Um dia depois, a informação foi confirmada. Além disso, o governo teria informado aos carnavalescos a necessidade de cortar 25% da verba que seria destinada as escolas e blocos.  E assim o governo continuou empurrando os carnavalescos com a barriga.

Agora, ainda sem patrocinadores, os rosáceos resolveramcancelar o Campos Folia. Hoje (22), um editorial publicado no jornal "O Diário" diz que realizar o Carnaval em tempos de crise seria como "entrar em um velório cantando samba".

Recentemente, dois amigos me procuraram para dizer que alguns carnavalescos estariam revoltados comigo por conta de postagens sobre o Carnaval fora de época. Ou seja, depois disso tudo ainda tinha gente disposta a tirar o corpo fora para jogar na conta e alguém a falta de planejamento e de sinceridade do governo. Também é importante destacar que a mistura entre política e Carnaval foi extremamente prejudicial, já que na hora do aperto a falta de independência impediu uma cobrança mais firme.

O mesmo governo que construiu um sambódromo de R$ 100 milhões e, nos últimos anos gastou uma fortuna com shows nacionais e pagou caro por desfiles de escolas de samba do Rio, não teve a capacidade de fortalecer as escolas e blocos locais. E quando digo fortalecer, não me refiro aos recursos financeiros que são repassados, mas sim a um trabalho sério de capacitação dos profissionais e auxílio na busca por alternativas.

Não tem dinheiro? - A crise é real e não há o que se discutir, mas o governo não cumpriu a promessa feita aos carnavalescos porque não quis. Quer um exemplo? Só a empresa Working, que faz de tudo um pouco, faturou mais de R$ 1,2 milhão em duas semanas, com aluguel de banheiros químicos e ações de "manutenção" e "recuperação". Mais um exemplo: em março, só pelo aluguel de um caminhão banheiro, a Prefeitura pagou mais de R$ 370 mil. Isso sem falar no aditivo de R$ 1,2 milhão que a Imbeg recebeu.

Atualização às 13h50 - Matéria publicada pela Folha (aqui) confirma cancelamento do Carnaval fora de época. De acordo com a Prefeitura, os carnavalescos devem se reunir na noite desta sexta-feira (22) para discutir e apresentar proposta viável para a Prefeitura,  priorizando a captação de recurso de patrocínio privado para a realização do carnaval no próximo ano.

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