Lava Jato: Pezão e Tião Viana negam Caixa Dois e pedem arquivamento de inquéritos
Alexandre Bastos 13/04/2015 17:20

Os governadores do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e do Acre, Tião Viana (PT), negaram em ofícios apresentados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que suas campanhas tenham sido beneficiadas com dinheiro desviado da Petrobras e pediram arquivamento dos inquéritos abertos contra eles em decorrência da Operação Lava Jato. Os documentos foram enviados ao tribunal no fim de março em resposta ao pedido do relator dos inquéritos no STJ, ministro Luís Felipe Salomão, para que os governadores se manifestassem por escrito sobre o pedido de investigação feito pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Os procuradores se basearam nas delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef para solicitar a abertura de inquérito contra os governantes do Rio e do Acre. No inquérito de Pezão, também serão investigados o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o ex-chefe da Casa Civil Regis Fichtner. Luiz Fernando Pezão negou ter participado, em 2010, de reunião relatada por Paulo Roberto Costa na qual Sérgio Cabral, à época em que governa o Rio, teria pedido "ajuda" para a campanha à reeleição. Os recursos, segundo a acusação do Ministério Público, teriam beneficiado também o atual governador do estado, vice de Cabral na ocasião. De acordo com o ex-diretor da petroleira, o operador dos repasses foi Regis Fichtner. Os três negam as acusações. "Nunca participei de uma reunião dessa natureza e com esse conteúdo. Nunca presenciei qualquer reunião em que o ex-governador Sérgio Cabral tenha pedido qualquer ajuda de campanha para o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto", escreveu o governador do Rio no ofício enviado ao STJ.

Conforme o ex-diretor da Petrobras, a campanha de Cabral e Pezão recebeu R$ 30 milhões em dinheiro não-contabilizado, o chamado caixa 2. No ofício encaminhado ao STJ, Pezão afirmou diversas vezes que as informações são "mentirosas". "O delator Paulo Roberto não explicita como uma quantia tão vultuosa quanto R$ 30 milhões teria sido incorporada a título de caixa 2 à nossa campanha de 2010. Ele afirmou no seu depoimento que sequer sabia se efetivamente tal pagamento absurdo teria ocorrido. Diz que presumiu que os pagamentos teriam sido feitos porque o ex-governador Sérgio Cabral não teria mais voltado ao assunto com ele. É inacreditável!!!", enfatizou.

Na peça judicial, o governador do Rio ressalta ainda que seria "inverossímil" eventual ajuda da Petrobras à chapa de Cabral em 2010 porque, naquela época, o governo do Rio de Janeiro "se encontrava em rota de colisão com a Petrobras por conta da mudança do modelo de exploração do petróleo no Brasil." Pezão destaca que o pedido de investigação feito pelo Ministério Público "se baseia única e exclusivamente nas declarações do delator Paulo Roberto Costa". O peemedebista diz que "estranha" o fato de o MP afirmar que Youssef corroborou as denúncias, sendo que isso não aconteceu, segundo ele.

Pezão questiona ainda a suspeita da PGR em razão de a campanha ter recebido doações legais das empresas Alusa, Odebrecht, UTC e OAS, todas investigadas pela Lava Jato. O governador afirma que, das quatro empreiteiras, somente a OAS fez doação de R$ 1 milhão para sua chapa. Conforme ele, as demais construtoras doaram para o PMDB, que repartiu doações aos candidatos proporcionais. "Mas daí a se extrair que essa doação [da OAS] teria sido feita com recursos desviados de obras realizadas para a Petrobras no Comperj, é uma ilação, com todo respeito, absurda e completamente despropositada."

O governador do Rio destaca ainda que uma investigação baseada apenas na delação contra uma autoridade "pode injustamente afetar a sua imagem perante a população e a sua legitimidade para governar". "Quando tomei conhecimento dessas declarações do delator Paulo Roberto Costa, fiquei estupefato e totalmente surpreso. Nada do que ele disse em relação a mim e aos meus colegas de governo aconteceu. Essas declarações inverídicas [...] objetivaram, por motivos políticos certamente inconfessáveis, nos inserir em um escândalo com o qual nada temos a ver", disse Pezão no ofício.

Fonte: G1

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