Em dia de ratos no plenário, Vaccari depõe na CPI e nega doações ilegais ao PT
Arnaldo Neto 09/04/2015 13:23
[caption id="attachment_1728" align="alignleft" width="300"]João Vaccari - Marcelo Camargo/Agência Brasil João Vaccari - Marcelo Camargo/Agência Brasil[/caption] Em depoimento, hoje (9), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, negou que tenha intermediado doações ilegais em contratos de fornecedores da Petrobras para financiar campanhas do PT. Vaccari reafirmou que todas as doações que o partido recebe são legais, feitas por transações bancárias e com prestação de contas ao Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Antes do depoimento, ratos foram soltos no local. “Durante o período que estou na tesouraria sempre que fiz visitas a empresa ou pessoa física que fizeram doações, elas foram feitas de forma voluntária, sem nenhum outro compromisso. Essa tem sido nossa forma de fazer a arrecadação do PT. Prestamos conta dessa arrecadação ao TSE e nunca tivemos problemas com a Receita”, disse aos parlamentares. Antes dos deputados iniciarem as perguntas, Vaccari apresentou dados que mostrariam que nas duas últimas eleições a distribuição de doações de empresas investigadas pela Operação Lava Jato ficou equilibrada entre PT, PMDB e PSDB. Vaccari negou que tenha tratado de doação de recursos com executivos da Petrobras e com o doleiro Alberto Yousseff. O tesoureiro disse não ter conversado com o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque sobre finanças do PT ou qualquer outro assunto que envolva recursos financeiros. Em resposta a parlamentares repetiu que as declarações que Barusco fez a seu respeito na delação premiada não são verdadeiras. Relatou que também não tratou de assunto relacionado a finanças com o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco. “Minha relação com ele sempre foi casual e sem nenhuma intimidade”. Em relação ao doleiro Alberto Yousseff, o tesoureiro do PT disse que o conheceu casualmente há muitos anos e também não teve qualquer tipo de negociação financeira com ele. Vaccari é suspeito de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, de acordo com delatores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Eles afirmam que o tesoureiro intermediou doações de propina em contratos com fornecedores da Petrobras. O dinheiro seria usado para financiar campanhas políticas. Segundo a denúncia apresentada à Justiça Federal pelo Ministério Público Federal, no Paraná, Vaccari participou de reuniões com ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, nas quais eram acertados os valores de propina que seriam transferidos ao PT como doações legais. Em depoimento na CPI, no início de março, o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, disse que também se reuniu com o tesoureiro do PT a fim de tratar do pagamento de propina ao partido. Ontem (9), o Supremo Tribunal Federal acatou pedido da defesa de Vaccari para que ele não fosse ouvido na CPI da Petrobrás na condição de testemunha. Caso fosse prestar depoimento como testemunha, teria de assinar termo com o compromisso de dizer a verdade. Com a decisão do STF ficou assegurado também que o tesoureiro tem o direito de ser acompanhado por um advogado e o direito de não se autoincriminar. [caption id="attachment_1731" align="alignleft" width="300"]Animais soltos no local - Luis Macedo / Câmara dos Deputados Animais soltos no local - Luis Macedo / Câmara dos Deputados[/caption] Manifestação — Assim que Vaccari entrou no plenário da CPI, houve uma grande confusão: um homem abriu uma caixa e soltou alguns ratos na sala. Houve correria e um princípio de tumulto. A Polícia Legislativa chegou a retirar pelo menos uma pessoa do plenário. O presidente da CPI solicitou à Polícia Legislativa que restabeleça a ordem no plenário. Um deputado governista acusou a oposição de tentar transformar a CPI "em um circo". "Nada nos impedirá de dar prosseguimento à CPI. [...] Nós iremos prosseguir com o depoimento do senhor João Vaccari", afirmou o presidente do colegiado, deputado Hugo Motta, depois dos animais terem sido soltos no plenário. O deputado Ricardo Izar (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, pediu oficialmente à Câmara para ficar com a guarda dos animais soltos na CPI da Petrobras. "Vou levar os ratinhos para o veterinário e eles irão para a minha casa", disse Izar ao G1. [caption id="attachment_1732" align="alignright" width="300"]Homem é detido após soltar os animais Homem é detido após soltar os animais[/caption] Um hamster, dois esquilos da mongólia e dois ratos cinzas sem raça aparente foram encontrados. Segundo Izar, o hamster aparenta ter sido machucado durante a soltura na CPI. Os demais animais não apresentam ferimentos. "O hamster está um pouco abatido. Não parece estar bem. Vamos analisar medidas para adotar, já que maus-tratos aos animais é crime", afirmou o deputado.       Atualização às 15h —  O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração do servidor da Casa que soltou ratos hoje (9), no plenário da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras.  A informação foi dada no plenário pelo presidente da CPI da Petrobras,deputado Hugo Motta (PMDB-PB). “O presidente [da Câmara, Eduardo Cunha] já demitiu sumariamente o servidor que causou o problema no início de nossa reunião. O servidor está demitido, e será punido na forma da lei. Vamos cobrar que providências sejam tomadas”, disse Motta.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Arnaldo Neto

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS