"Ponha-se no lugar de Dilma: o que você faria?"
lucianaportinho 27/03/2015 20:59
ddd Ponha se no lugar de Dilma: O que você faria? O título acima é inspirado no livro Ah, se eu fosse presidente _ O Brasil ideal na opinião de grandes brasileiros famosos e anônimos, organizado pelo jornalista Sidney Rezende, que acaba de ser lançado pela Alta Books Editora. Ponha-se no lugar de Dilma: o que você, caro leitor, faria se fosse presidente? É impressionante como agora todo mundo sabe o que a presidente Dilma Rousseff deve fazer para sair da encalacrada em que se meteu, da mesma forma como se comentava o que Felipão deveria fazer com a seleção brasileira durante a Copa do Mundo. Em lugar do "Fora Felipão", entrou o "Fora Dilma". O nível das conversas é mais ou menos o mesmo. Nunca os brasileiros falaram tanto de política, a todo momento, em todo lugar, nem mesmo no auge do segundo turno da campanha presidencial do ano passado. "Eu não quero saber de política, eu não gosto disso", cansei de ouvir até outro dia, quando o assunto surgia numa roda. Pois neste momento está acontecendo exatamente o contrário. Isto tem um lado bom, o interesse em discutir os destinos do país, e revela, ao mesmo tempo, um assustador desconhecimento sobre como funcionam nossas instituições. Chuta-se para todo lado e qualquer boato ouvido no rádio, espalhado nos táxis ou lido nas redes sociais vira verdade absoluta. Tem gente que se gaba de não pagar mais impostos, "para não entregar meu suado dinheiro aos vagabundos do bolsa família", sem se dar conta de que está confessando um crime. Pelas leis em vigor, afinal, quem sonega pode ir para a cadeia Este ano, os procuradores da Fazenda Nacional calculam que a sonegação de impostos baterá nos R$ 500 bilhões _ ou seja, pelo menos dez vezes mais do que o governo pretende economizar com o pacote fiscal. E todas as corrupções somadas não chegam nem perto desta sangria incontrolável do Tesouro Nacional, mas ninguém quer falar disso, não dá manchete. Outros não fazem a menor distinção entre as diferentes responsabilidades constitucionais dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, atribuindo todos os nossos males, genericamente, ao "governo do PT", e colocando a culpa em Dilma Rousseff, que, diga-se a bem da verdade, contribuiu bastante para que chegássemos a esta situação. Discussões histéricas e estéreis se multiplicam em todos os ambientes sociais, misturando ignorância e má-fé, como se o Brasil fosse acabar amanhã. Neste clima, confesso, estou pela primeira vez na vida preocupado com o futuro _ da minha família e do país. Depois de ficar uma semana fora do Balaio e procurando me manter afastado do noticiário, em defesa da minha saúde mental, bastaram algumas horas na volta a São Paulo para sentir este ar pesado que nem as chuvas dos últimos dias conseguiram levar embora. Cada um tem sua solução mágica para resolver todas as crises de uma vez, do impeachment da presidente à prisão de todos os políticos, da renúncia à volta dos militares ou a novas eleições, de um grande diálogo nacional ao encolhimento do ministério, do fechamento dos partidos à convocação do papa Francisco para dar um jeito no Brasil. Além de economistas e técnicos de futebol, viramos agora todos estrategistas políticos, embora a maioria nem saiba do que se trata. Virou o Samba do Indignado Doido. Já que dar palpite não custa nada, eu mesmo pensei no que faria se fosse eleito presidente da República (Deus me livre!), atendendo ao pedido do Sidney Rezende para contribuir com o livro citado na abertura deste texto. Escrevi antes das eleições de outubro: "Antes mesmo de tomar posse, chamaria os lideres de todos os partidos e representantes da sociedade civil para discutir um projeto de reforma política ampla, geral e irrestrita que seria enviado ao Congresso Nacional no primeiro dia do meu mandato. O ideal seria discutir os pontos centrais deste projeto durante a própria campanha eleitoral, o que nenhum candidato fez até agora. Sem isso, qualquer outra proposta de mudança no país seria inútil, mera demagogia, inviável. Com o atual sistema político-partidário-eleitoral, o Brasil é um país ingovernável, seja quem for eleito presidente da República". Infelizmente, minhas piores premonições se confirmaram, bem mais cedo do que eu esperava. Vida que segue.
Perfil que consta na primeira página do blog:
No blog Balaio do Kotscho, cabe qualquer assunto. Quem manda é o freguês. Paulista, paulistano e são-paulino, Ricardo Kotscho, 65, é repórter desde 1964. Já trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira, nas funções de repórter, repórter especial, editor, chefe de reportagem, colunista, blogueiro e diretor de jornalismo. É atualmente comentarista do Jornal da Record News e repórter especial da revista Brasileiros.
Foi correspondente do Jornal do Brasil na Europa, nos anos 1977-1978, e exerceu o cargo de Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República no governo Luiz Inácio Lula da Silva, no período 2003-2004. Ganhou os prêmios Esso, Herzog, Carlito Maia, Comunique-se, Top Blog e Cláudio Abramo, entre outros. Em 2008, foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Imprensa da ONU. Tem 20 livros publicados, entre eles, Do Golpe ao Planalto - Uma vida de repórter (Companhia das Letras), A Prática da Reportagem (Editora Ática) e Vida que Segue (Editora Escrita Fina). É casado com Mara, pai de Mariana e Carolina, e avô de Laura, Isabel e André. Ler o blog, aqui

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Luciana Portinho

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS