Aqui o buraco é mais embaixo
Esdras
Controlada por uma política de tamanho inverso ao da sua própria goela, tão grande que está se autodevorando pelo próprio rabo do descarado modus operandi dos seus desmandos e inconsequências, Campos está vivendo dentro de um buraco no fundo do grande buraco em que foi colocado o Brasil, que, só agora, parece ter descoberto, como o velho marido enganado, o que todo mundo já sabia há muito tempo: somos todos corneados por quadrilhas oficializadas pelos votos da ignorância, dos cheques cidadão, das casinhas populares, das bolsas família e de outros paternalismos com o mesmo índice de danosa periculosidade. Agora que se levanta sem falsos pudores a saia da corrupção que demoliu a Petrobras, o sonho de uma economia regional fortalecida pelo advento do pré-sal fica cada vez mais distante, naufragado nas águas profundas da pouca vergonha que assola o país. Diante de tudo isso, dói saber que, apesar da fantástica fortuna recebida em décadas de preciosos e voláteis royalties de morte anunciada, que nos escorreram pelos dedos das obras superfaturadas, terceirizações e outras inconfessáveis mumunhas, aqui não se construiu a sustentabilidade do incentivo à agricultura e o apoio à indústria sucroalcooleira, grande empregadora e nossa histórica vocação, novas indústrias ou empresas que estimulassem a economia local e gerassem postos de empregos que não fossem os geridos pelo populismo messiânico da Lapa com a dolorosa rédea curta do escambo eleitoral, que por aqui só produziu excrescências como dois prefeitos no mesmo município, um de fato e outro oficial. Não será apenas o afastamento da prefeita por alegado motivo de saúde ou o da presidenta por impeachment que resolverá totalmente o nosso problema, mas já é um bom começo. É preciso matar o mal pela raiz, excretando de vez esses grupos da nossa cena política. Enquanto isso não for feito, o velho ditado, que arremetia a valentia e orgulho, se aplicará a Campos e ao Brasil de forma lamentável, pois aqui o buraco agora é, realmente, mais embaixo, e nós fomos colocados dentro dele. Resta ao campista, assim como ao resto do país, sair pelas próprias mãos, as mesmas que registram os votos nas urnas, desse escuro buraco em que nos meteram. Publicado hoje na edição impressa da Folha
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