Perdidos na cidade
Nino Bellieny 16/01/2015 11:40
Crônica NinoBellieny Eles estão em toda a parte, mas, principalmente no Centro. Dóceis, costumam-ser vistos dormindo nas portas das lojas em plena luz do dia, preferindo as refrigeradas. A brisa os alivia do calor siderúrgico. Não incomodam, porém, são sempre incomodados. Não reclamam, não se revoltam, não pedem dinheiro nem assaltam a transeuntes. Os olhos são tristes, a postura é a da mais pura humildade, vagueando de um lado para o outro, alguns se aproximam ao menor gesto de carinho. São famintos de afeto e de comida, encontrada nas latas de lixo ou pelas mãos piedosas de quem passa. Quase invisíveis, como são também os sem-tetos de duas pernas. A reativação, ainda sem data prevista, do Centro de Zoonoses de Itaperuna pode ser a única chance para eles, desde que sejam respeitados como toda vida deve ser. Associações de protetores lutam diariamente, alimentando, cuidando, preparando-os para serem adotados, mas, a demanda é maior do que a boa vontade, que, sem uma ajuda dos poderes públicos, é apenas heroica e mitigante. Sorte ainda não terem mordido ninguém ou de transmitirem doenças, mas, nada é descartado quando há um descontrole. Há relatos de extermínio, por puro sadismo humano, infelizmente sem provas, pelo menos por enquanto.  Estima-se que, aproximadamente 200 deles estejam por aí, entre nós, mas, sem nenhuma vantagem de convivência, perdidos na cidade do Sol Sem Fim. O melhor amigo do Homem, recebe em troca, a indiferença. [caption id="attachment_446" align="alignnone" width="224"]ft-NB ft-NB[/caption]  

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Nino Bellieny

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS