Cadê a conservação?
José Paes 26/01/2015 11:02

No fim da semana passada, um poste caiu sobre dois automóveis, num dos cruzamentos mais movimentados da cidade, entre as avenidas 28 de março e Arthur Bernardes. Por sorte, mas muita sorte mesmo, os ocupantes dos veículos, dentre eles uma criança de 05 meses de vida, não se feriram. Felizmente, houve apenas danos materiais.

Os responsáveis pela administração do trânsito na cidade, pasmem, colocaram a culpa no vento, como se um poste não devesse ser construído para resistir a condições extremas. Enfim, colocaram a culpa no “além”, para não reconhecerem algo público e notório: a falta de manutenção dos postes e semáforos da cidade. Há muito, a população vem denunciando essa lamentável situação, mas os administradores preferem contar com os milagres de Deus, ao invés de solucionarem os problemas que eles, homens, criaram.

Esse triste episódio serve para que as nossas atenções se voltem para uma questão bastante comum e que muitas vezes passa desapercebida: a falta de manutenção dos patrimônios públicos em geral. Sejamos justos, essa não é uma situação exclusiva de Campos, trata-se de um problema cultural dos Administradores públicos brasileiros. Mas aqui em nossa cidade a questão ganha relevo.

O brasileiro, sabe-se lá por quais motivos, incorporou a noção de que político que faz é aquele que constrói, que faz obras e mais obras. Quando não se vê algo do tipo, subentende-se que o governo nada fez. Fica esquecido no consciente coletivo, contudo, que se faz necessário conservar aquilo que foi construído, para que a sua utilidade inicial se perpetue.

Infelizmente, o que vemos são obras recentemente construídas, em pouco tempo depredadas, quer seja pela falta de conservação, quer seja pela falta de educação de algumas pessoas, que tratam as coisas públicas com extremo descaso.

Não é necessário ser especialista em obras, para saber que a conservação e manutenção preventiva do patrimônio público são extremamente mais econômicas que as manutenções corretivas, reformas e até mesmo reconstruções de patrimônios destruídos. Poupa-se tempo, dinheiro e, sobretudo, garante-se a perfeita utilidade daquilo já construído.

É necessário, contudo, para que isso aconteça, que se tenha planejamento e responsabilidade, algo em falta em nossa cidade. Espero, sinceramente, que a quase tragédia da última semana tenha aberto os olhos dos administradores locais para essa situação. Não se pode contar, para sempre, com a boa vontade divina.

Artigo publicado na versão impressa da Folha do dia 22.01

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