Clarissa: "Em 2016, o PR só precisa escolher o candidato certo"
Alexandre Bastos 09/01/2015 10:59
[caption id="attachment_30212" align="aligncenter" width="390"] Foto/Folha da Manhã[/caption]

Eleita deputada federal com 335.061 voto, segunda maior votação no estado do Rio, sendo superada apenas pelo deputado Jair Bolsonaro (PP), Clarissa Garotinho (PR) já se prepara para assumir o seu novo desafio, dessa vez em uma Casa com mais de 500 deputados e conhecida por ser uma "selva política" com "animais" bem perigosos. A deputada conversou com o blog sobre sua luta contra a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara Federal, ocupação de espaços na Alerj, desempenho do grupo em Campos, o "lado humano" do pai e eleições de 2016. Confira:

Blog -  Em recente entrevista você citou a série "House of Cards" e se referiu ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) como o "Frank Underwood da política brasileira". Na série, o personagem do Kevin Spacey pisou nos adversários alcançou o seu objetivo. E o deputado Eduardo Cunha, vai conquistar a presidência da Câmara dos Deputados?

Clarissa  - Comparei o Eduardo Cunha ao personagem da série americana pelos métodos que utiliza. Nem sempre os fins justificam os meios, mas não é assim que pensa Frank Underwood. A série ainde não terminou para o personagem cantar vitória. Pelo contrário, a terceira temporada estreia em breve. Espero que Cunha não vença. Estou trabalhando pra isso. O Brasil não aguenta mais a política da chantagem. Mas, se acontecer, não será com o meu voto. Espero que a Câmara seja presidida com independência e harmonia com o Governo, no conceito que foi criado com a repartição de poderes.

Blog - Logo após a eleição você tentou organizar um bloco de oposição na Alerj. A ideia era enfrentar a candidatura do PMDB. O que deu errado? Como você viu a aliança pragmática do PR com o deputado Jorge Picciani (PMDB), que deve voltar a comandar a Casa?

Clarissa -  O mais correto era que as forças de oposição se unissem e lançassem uma candidatura própria à presidência da Casa. Foi o que defendi. Mas isso não foi possível porque o PSOL não quis. Então não tivemos o número mínimo para registrar a chapa. Formamos um Bloco com PRB e PCdoB e chegamos ao número de 12 deputados. O que fazer com esse número expressivo? Declarar voto contra os dois candidatos do PMDB que pleiteavam a presidência ou ocupar os espaços a que regimentalmente temos direito? O PR não fez nenhuma aliança com o PMDB, muito menos com o Governo do Estado. O PR vai ocupar a primeira secretaria da Alerj e Comissões importantes. Esses espaços políticos expressam a vontade da população, que fez do PR a segunda maior bancada da casa. E serão fundamentais para o fortalecimento da oposição.

Blog -  No início de 2012, em entrevista à Folha, você afirmou que "a oposição em Campos não faz nem cosquinha". Agora, três anos depois, diante da votação do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) na cidade, e do desempenho do deputado Anthony Garotinho (PR), você continua com a mesma opinião? A oposição pode fazer "cosquinha" em 2016 ou a candidatura apoiada pela máquina entra com grande vantagem?

Clarissa - Garotinho venceu as eleições em Campos. A população da nossa cidade me deu a honra e a responsabilidade de ter sido a deputada federal mais votada do nosso município, com 47 mil votos. Reelegemos o deputado federal Paulo Feijó. Elegemos dois deputados estaduais do nosso grupo político: Pudim e Bruno Dauaire. Vencemos as eleições em Campos porque a população reconhece o grande governo que a Rosinha está fazendo, apesar das dificuldades econômicas do país e da crise do petróleo. Em 2016, o PR só precisa escolher o candidato certo: que o una o partido e dialogue com a sociedade.

Blog - Se em Campos o PR vai tentar manter a hegemonia, após dois mandatos da prefeita Rosinha, no Rio de Janeiro o partido luta para quebrar a sequência de vitórias do PMDB. Existe a possibilidade de diálogo com nomes como Romário (PSB) e Marcelo Freixo (PSOL)? E você, toparia entrar nessa "briga" pela Prefeitura?

Clarissa - Por enquanto estou concentrada em assumir o mandato de deputada federal, o que já é um grande desafio, principalmente neste momento em que o Brasil é afetado pela crise econômica e que o Congresso pode viver uma das maiores crises institucionais da sua história, com vários parlamentares citados na operação Lava-Jato. O povo brasileiro espera uma nova postura dos deputados eleitos e eu quero fazer parte deste time que acredita no Brasil. O restante vou refletir no momento oportuno.

Blog - Após a derrota do deputado federal Anthony Garotinho (PR) na disputa pelo governo estadual, ficando fora do segundo turno, você afirmou que "era a oportunidade dele de desfazer um personagem que criaram e que não era ele". Quem é o verdadeiro Garotinho? Ele também não ajudou a criar esse "personagem"?

Clarissa - O Garotinho é um homem que cresceu na vida pelos seus ideais e esforço pessoal. Que sendo um humilde radialista virou prefeito de sua cidade e conquistou o Estado sendo o governador mais jovem da nossa história e elegendo sua esposa como sucessora. Garotinho fez uma belíssima candidatura à presidência da República, surpreendendo até analistas políticos. Foi o deputado mais votado do Rio de Janeiro e teve atuação destacada em Brasília. Não se deslumbrou com o poder. Não é patrimonialista. Continua sendo uma pessoa simples e acessível. Garotinho é corajoso e destemido, enfrentou - como poucos - grupos econômicos e midiáticos muito poderosos. E sofreu as consequências. Teve sua imagem distorcida e não teve espaço para se defender. Agora, sofreu um revés eleitoral. Muitos outros políticos na história também passaram por isso. José Serra quase venceu a eleição para presidente da República. Dois anos depois, perdeu para prefeito de São Paulo. Hoje, é senador.

Blog -  Quais serão as suas principais bandeiras em Brasília? Já conta com projetos para serem apresentados logo no início do mandato?

Clarissa -  Já tenho alguns projetos para serem apresentados, mas prefiro falar sobre eles depois que assumir o mandato. Acho que o Brasil tem que ter algumas prioridades: Reforma Política, Educação e Infra-estrutura.

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