Não é só dentro do mar que Gabriel Medina, 20, primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, brilha. Fora, ele também é um fenômeno.

O paulista, natural de São Sebastião, que conquistou o título na sexta (19), na praia de Pipeline, já arrasta uma multidão aos seus pés.

No Havaí, por exemplo, ele teve que passar a maior parte do tempo na casa de um dos seus patrocinadores para escapar do assédio da mídia e dos torcedores.

Mas bem antes do feito histórico, o surfista já era preparado para virar ídolo. Há pelo menos dois anos, a equipe que cuida de sua carreira promove encontros com esportistas brasileiros de sucesso.

Um deles, Neymar, virou seu amigo. Os dois se conheceram em 2012, num encontro organizado pelo agente de Medina, César Villares, no litoral norte de São Paulo.

Antes da etapa de Portugal do Mundial de surfe, em outubro, Medina passou dois dias na casa do atacante do Barcelona, na Catalunha.

"Propiciamos ao Medina encontros com grandes ídolos como o Neymar, Vitor Belfort, Zico e Guga, não só para conhecê-los um pouco mais, mas também para que ele possa observar a postura desses grandes atletas", afirmou Villares.

Com Gustavo Kuerten, que é fã de surfe, Medina troca mensagens via WhatsApp, aplicativo para conversas via telefone celular.

Profissional desde os 15 anos, Medina ganhou destaque no cenário internacional do surfe justamente nesta temporada, quando conquistou três vitórias no Mundial (Austrália, Fiji e Taiti).

Em um desses eventos, o paulista bateu o americano Kelly Slater, 42, 11 vezes campeão do mundo e considerado uma lenda viva na modalidade, por apenas três centésimos na final.

"Eu ainda nem acredito em tudo que aconteceu nesta temporada, mas sei das minhas responsabilidades a partir de agora", disse o brasileiro, logo após ser vice-campeão da etapa do Havaí –ele já tinha conquistado o título da temporada antes de chegar à decisão.

PRESTÍGIO

O jovem surfista já tem especiais na TV, como o Mundo Medina, no canal por assinatura Off, e Medina 360º, que passa no programa Esporte Espetacular, na TV Globo. Isso, porém, é só o começo.

Ele tem 11 patrocinadores. As marcas, nacionais e internacionais, vão de roupas e acessórios de surfe a telefonia, passando por refrigerantes, carros e cosméticos.

"É um novo ídolo nacional", resume Daniela Cruz, sócia-proprietária da Vult, empresa de cosméticos.

Medina virou ainda embaixador da Gillette, que faz produtos para barbear. Juntou-se assim a Pelé e ao tenista suíço Roger Federer, também embaixadores da marca.

"Acreditamos que o talento que ele demonstra em cada competição, bem como seu estilo de vida saudável e ativo, reforçam características como confiança, performance e precisão", disse Thiago Icassatti, diretor da empresa.

DINHEIRO

Medina é o surfista que mais ganhou dinheiro nesta temporada no circuito mundial, em 11 etapas: US$ 431,5 mil (R$ 1,4 milhão). Ele já acumula US$ 1,2 milhão (R$ 3,2 milhão) em prêmios na carreira. O surfista é um sucesso também na internet. Tem mais de 700 mil curtidas no Facebook e quase 1 milhão de seguidores no Instagram.

Para evitar que o sucesso subisse à cabeça, a família sempre esteve perto de Medina. E o surfista sempre seguiu à risca os conselhos do padrasto e técnico, Charles, e da mãe, Simone.

"Ele sempre ficou longe de drogas e festas. Focou no treinamento e respeitou a cartilha da família. Gabriel tem muita consciência e maturidade", disse Charles.

Agora, Medina deve encarar uma maratona de entrevistas no Brasil, ao voltar do Havaí, e compromissos de seus patrocinadores. Essa é a vida de um fenômeno.

Fonte: Folha de São Paulo