Entendendo a fadiga
Marcos Almeida 15/12/2014 17:04

tumblr_ngk0a0JDls1s0fzano1_1280Muitas são as questões que envolvem a fadiga muscular no atleta. Com as pesquisas recentes, parece que a questão cerebral relacionada a motivação ganha cada vez mais força.

Um exemplo disso é sobre um estudo com treze voluntários na Universidade de Bangor, no País de Gales, onde eles pedalaram uma bicicleta estacionária em um ritmo pré-determinado durante o tempo que podiam. O "tempo de exaustão" é um método bem estabelecido para medir os limites de resistência física, mas neste caso o experimento teve também um componente psicológico escondido.

À medida que os ciclistas pedalaram, uma tela na frente deles brilhou periodicamente imagens de rostos alegres ou tristes em imperceptíveis rajadas de dezesseis milissegundos, dez a vinte vezes mais curto do que um piscar de olhos.

Aos ciclistas que foram mostrados rostos tristes, durou em média, 22 minutos e 22 segundo de pedal. Aqueles que foram mostrados rostos felizes pedalaram três minutos a mais e relataram menos o sentido de esforço.

Em um segundo experimento, os pesquisadores demonstraram que as palavras de ação subliminares, "vai, anime", poderiam impulsionar o desempenho no ciclismo de um sujeito por dezessete por cento sobre as palavras "labuta e sono".

Outra linha fala sobre a fadiga num sistema de proteção do nosso organismo, num viés de defesa, que também é bem interessante.

Por que a fadiga pode impedir maravilhas atléticas como Kimetto (recordista dos 42km) de fechar uma Maratona sub 2 horas? Uma possibilidade, proposta por Tim Noakes, professor e pesquisador da Universidade da Cidade do Cabo, é que o cérebro tem um mecanismo de segurança subconsciente que entra em ação para impedir o corpo de ficar muito perto de limites perigosos.

Noakes chama esse mecanismo de "governador central". Em sua opinião, a fadiga é uma forma de proteção em vez de um reflexo do estado fisiológico do corpo; sua ação é de preferência involuntária.

É por isso que, se você vai para uma corrida em um dia quente, o seu ritmo é mais lento desde o início, não porque você já está superaquecendo, mas porque você pode fazê-lo mais tarde, podendo trazer problemas para a sua saúde.

É possível, Noakes argumenta, que o que mantém Kimetto incapacitado para uma Maratona sub 2 horas, não é a sua capacidade física, mas a sua auto-preservação. Bons treinos!

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    Marcos Almeida

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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