Sileno Martinho- Administrador, Professor Universitário e Articulista de Jornais da Região Abrindo a Boca Para Marco Barcelos
mabamestrado 15/12/2014 18:36
1- Sileno Martinho, nas eleições de prefeito de 2016 teremos uma mudança haja vista que a atual prefeita não poderá concorrer. Como analista das questões locais e regionais, qual o perfil ideal de um gestor para assumir o cargo mais importante de nossa cidade?   R. Na minha opinião, o perfil ideal para a governança nos tempos atuais é representado pela figura do prefeito empreendedor. Já passamos o período onde “ governar era construir estradas” mais adiante vivemos o “tudo pelo social” e agora estamos diante do prefeito que contemple uma visão empreendedora, mobilidade geográfica, grande conhecimento de mundo e uma rede de relacionamento capaz de trazer recursos para o município, independente da questão dos royalties. Some-se a isso a capacidade de liderar e resolver conflitos internos. Este é a meu ver o perfil ideal em tempos de globalização.   2- A câmara municipal de Campos hoje possui 20 vereadores da situação e apenas 5 da oposição. Em sua opinião esse quadro não prejudica o desenvolvimento de Campos do Goytacazes?   R. A verdade é que a composição das forças políticas é um dos pressupostos básicos da democracia e faz parte do jogo político, sendo que como poder independente, o papel do legislativo é fiscalizar em nome da população os atos do poder executivo e propor medidas que venham a somar para o crescimento do município, independente de situação ou oposição. No meu entender, uma oposição forte e inteligente em qualquer nível, sempre contribui para o desenvolvimento do município à medida que faz uma análise mais crítica das ações e aponta para situações que muitas vezes não estão sendo observadas. O desequilíbrio muito grande dessas forças, pode até acabar prejudicando pela supremacia constante de uma sobre a outra, mas isto também faz parte do jogo democrático.   3- O governador Luís Fernando Pezão ganhou a eleição em nossa cidade no 2º turno. O que o senhor atribui a essa vitória?   R Pezão conseguiu sair de um patamar pequeno e chegar à frente nos dois turnos no estado, com uma estratégia de marketing bem montada, mostrando um lado simples e humilde de uma pessoa egressa do interior, onde na TV evitou embates mais acalorados e focou seu discurso em politicas públicas e projetos sustentáveis, além de estar sempre mostrando o seu lado familiar e o eleitor acabou embarcando nesta onde. Como era pouco conhecido, acabou ficando com o estigma da mudança. Conseguiu se descolar do governo Cabral e recebeu da população democraticamente a grande chance de governar nosso estado. Mostrou um novo jeito de fazer política, o que não quer dizer que vai dar certo sempre.   4- Nunca se deu uma disputa nas eleições presidenciais tão acirradas, o Brasil deu um exemplo de democracia. A consequência dessa disputa esta tendo reflexo no congresso nacional e na câmara dos deputados, quais as estratégias para se costurar essa colcha de retalhos que esta em nosso país?   R. Na verdade esta eleição não terminou, pois seus reflexos vão perdurar até a próxima. Então, pedir para a oposição descer do palanque é utópico neste momento, pois a oposição gostou do resultado, ganhou um gás tremendo, representa quase metade da população deste país, e vai permanecer surfando na grande votação que teve nas regiões com maior nível de renda e onde estão os grandes de formadores de opinião. Creio que voltaremos às manifestações de rua e o acirramento das questões no Congresso Nacional será de certo modo até natural, pois lá é uma casa de debates. Portanto, esta colcha de retalhos vai continuar até 2018.   5- Quais os principais pontos da Reforma Política e qual o caminho que a presidenta Dilma terá que fazer para a sua aprovação? R. A reforma política é relevante e já passou até da hora, principalmente relacionadas ao voto distrital e financiamento público de campanha, mas não é tarefa fácil à medida em que são muitos os partidos envolvidos e cada um trazendo no bojo seus ideais republicanos. Atualmente, os montantes envolvidos em cada campanha definem basicamente vitórias e derrotas, pois às vezes a luta é desigual. É muita disparidade! Que é necessário melhorar o sistema político brasileiro até para fortalecer a democracia ninguém duvida, mas fazer esta reforma neste momento de turbulências é bastante complexo. Creio que o caminho mais curto poderia ser a convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva, sem interromper os trabalhos do Congresso Nacional. Um forte abraço.

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