Invasão de pequenos caranguejos em gargaú, fenômeno causa curiosidade.
Murilo Dieguez 11/12/2014 00:23
[caption id="attachment_7344" align="alignright" width="100"]Clique para informações do pequeno UCA Clique para informações do pequeno "UCA"[/caption]" Quando criança ainda, quer dizer; quando moleque novo; eu 'apostei muita corrida' com os pequeninos "Chama Maré", nas partes mais firmes dos manguezais e beira da maré, como a gente sempre chamou o canal do buraco fundo, isso quando ainda dava botar os pés naquelas águas, hoje isso não é nada aconselhável, por conta da poluição e do desordenado crescimento do número de residencias e frigoríficos às margens. O destino dos pequeninos era serem atravessados nos anzóis, como isca dos Bagres Cangatãs. " Zé Armando
[caption id="attachment_7334" align="alignleft" width="300"]xxxxxxxxx xxxxxxxxx[/caption]Centenas de pequenos caranguejos “brotando do chão”, essa foi à cena presenciada por quem passava na manhã desta segunda-feira (08/12), sob a pequena ponte, próximo a Praça de São Pedro, na Localidade de Gargaú, Litoral de São Francisco de Itabapoana. Até antigos moradores da comunidade se assustaram com a quantidade dos crustáceos que chegavam a invadir a pequena rua, principal ligação do Bairro Barra Velha com o centro da localidade. Diante do fenômeno, fomos buscar respostas com Ilzomar Soares Filho, Biólogo Marinho que também é morador da localidade e desenvolve importantes ações comunitárias de preservação dos mangues de Gargaú. Segundo Ilzomar, a lua exerce grande influência sobre a vida na terra, sobretudo no ambiente marinho, uma vez que as marés são fortemente dependentes da posição da lua em relação ao nosso planeta, e com isso diversos organismos marinhos costeiros, entre eles o caranguejo, têm suas atividades relacionadas às variações das marés; e exatamente hoje (8) tem a chamada “maré grande”, pois estamos na fase da Lua Cheia. 33O Biólogo informou também que o manguezal de gargaú é muito próximo ao mar e ao Rio Paraíba do Sul, e com um período longo de poucas chuvas, possibilitou a entrada de grande fluxo de água marinha -como ocorreu no local do fenômeno- ocupando áreas enormes e pouca presença de água doce, o que atrasou a saída dos caranguejos, que neste período, fim de primavera dá-se a ecdise(muda) onde os caranguejos estão enterrados nos buracos aguardando a hora exata de sair com segurança e ter a mistura da água marinha e dulcícola(temperada) para que realizem uma nova etapa no ciclo, importante para manutenção da espécie. Os pequenos caranguejos da foto, são também da espécie conhecida como Uça, e popularmente conhecida entre moradores da localidade por “Chama Maré ou Espera Maré”. [caption id="attachment_7336" align="alignleft" width="150"]Prof Ilzomar (foto de arquivo) Prof Ilzomar Soares(foto de arquivo)[/caption]O Biólogo demonstra grande preocupação quanto ao futuro dos manguezais. “Temos uma grande preocupação, pois nosso ambiente pode apresentar outras alterações devido às mudanças climáticas, despejo de efluentes, ocupação irregular, e cata do animal sem a consciência de preservar as fêmeas, provocando ao longo dos anos uma forte diminuição na totalização da comunidade do Uça(espécie encontrada em Gargaú),influenciando também no tamanho e na qualidade, necessitando de estudos e levantamentos para melhor conhecimento da espécie e do local” disse Ilzomar que está escrevendo um livro sobre a história ambiental de Gargaú a partir de 1758, e que deverá ser lançado no final do 1º semestre de 2015. Dados importantes: O sistema estuarino-lagunar(ambiente aquático de transição entre um rio e o mar), em Gargaú pertence ao rio Paraíba do Sul e se apresenta com sucessões de faixas arenosas em sua desembocadura (SILVA, 2001) se caracterizando como uma planície costeira, apresentando comportamento instável devido à presença de inundações periódicas influenciadas pela maré (MME, 1983). Toda dinâmica local favorece a presença de manguezais, ecossistema de grande importância econômica por ser fonte de recursos pesqueiros e extrativistas usados pela população local (LACERDA, 2003) além de exercer várias funções como: estabilizador dos sedimentos transportados; grande produtor primário e considerados verdadeiros viveiros de peixes, crustáceos e moluscos, que utilizam-no para alimentação, reprodução, desova, crescimento e proteção (ARAÚJO, MACIEL, 1979). Daí a importância de um amplo estudo para que este ecossistema se conserve e seja explorado de maneira que não se torne escasso (VANNUCCI, 2003). O manguezal da região é considerado o segundo maior do estado e é tombado como ‘área de Mata Atlântica’ pelo Decreto Estadual de 06/03/1991. Fotos: Eliete Oliveira 030405 segunda-feira, 8 de dezembro de 2014 Do Blog do Carlos Jorge (SFI_ERJ)

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Murillo Dieguez

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS