Situação de emergência em SJB
12/11/2014 10:11

Suzy Monteiro
Foto:Antônio Cruz/Divulgação 

Depois de São Fidélis, foi a vez de São João da Barra decretar situação de emergência em função da seca que atinge a região Sudeste há 11 meses. O decreto, assinado pelo prefeito José Amaro de Souza Neco, foi publicado na terça-feira (11), no Diário Oficial. A medida foi tomada, segundo o próprio decreto, pelo fato de o rio Paraíba estar com nível bem abaixo do normal, permitindo o avanço do mar e, por consequência, salinização da água. Uma das áreas mais afetadas é o 5º Distrito, constantemente afetado pela falta de energia elétrica, o que vem impedindo o acionamento das bombas e, consequentemente, o abastecimento de água potável na região. Com o decreto, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem, sob a organização da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, nas ações de resposta ao desastre e reabilitação do cenário e reconstrução.

De acordo com a Defesa Civil, a Prefeitura agora tem 10 dias para informar ao Ministério da Integração Nacional a contabilidade dos prejuízos ambientais, econômicos e humanos. O abastecimento tem sido interrompido várias vezes.

— Quando há uma maré alta onde o Paraíba do Sul não tem força para desaguar, causa a entrada das águas marítimas no leito do rio, propiciando a salinização no ponto de captação da Cedae, onde é interrompida devido a água ser imprópria para consumo. Este evento ocorria uma vez no mês durando três dias. Hoje tem ocorrido duas vezes no mês durando aproximadamente uma semana em cada vez — disse o coordenador da Defesa Civil, Adriano de Assis.

Para minimizar os impactos nas escolas, creches, postos de saúde, entre outros órgãos municipais no primeiro distrito, a Prefeitura tem utilizado caminhões-pipa no transporte de água proveniente de poços artesianos do 5º distrito para manter o funcionamento dos serviços básicos de saúde e educação: “Disponibilizamos, também, os poços artesianos para que a Cedae faça captação com auxílio de carros-pipa para atender a rede de abastecimento da sede do município”, disse o secretário municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos, Marcos Sá.

Moradora de Atafona, Odinéa Gonçalves, de 32 anos, diz que a situação está muito complicada: “Já faz alguns dias que a água na torneira está salobra. Na última segunda-feira a situação parece até que piorou e a gente sentia a água salgada”, afirmou a dona de casa, mãe de três filhos.

Dragagem para resolver problema é vetada

Outra alternativa para minimizar os efeitos da estiagem prolongada e garantir o abastecimento em São João da Barra seria a dragagem de um canal de 600 metros no rio Paraíba Sul. Porém, no último dia 4, o procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira, intimou o município, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a apresentar documentos que garantam que a dragagem de um canal no rio Paraíba do Sul não trará prejuízos para outros municípios.

Extraoficialmente, a informação é de que o município já preparou a documentação. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os documentos ainda não chegaram até a Procuradoria, mas a informação é de que teria sido protocolada junto ao Ibama.

O Comitê do Baixo Paraíba do Sul preparou, na terça, uma nota técnica apoiando a obra: “Todas as captações daqui até Barra do Piraí foram alteradas em função da seca, ou com rebaixamento, mudança de local ou bombas flutuantes. A obra não impactará o município vizinho de São Francisco de Itabapoana porque lá a captação pela Cedae é feita em poço profundo e não do Paraíba”, afirmou o diretor do Comitê, João Siqueira.

O município espera que, resolvida esta questão, comecem nos próximos dias as obras de dragagem de 600m com largura média de 20m e profundidade média de 4m em um canal no rio Paraíba do Sul, em São João da Barra.

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