Estudo aponta que Porto não é causa da erosão
02/10/2014 09:10

Mário Sérgio Júnior
Foto: Valmir Oliveira

“Pode-se aproveitar essa crise, essa tensão toda, para dar um passo definitivo para uma solução muito mais global”, disse o engenheiro civil e Ph.D. em Engenharia Costeira, Paulo César Rosman, em relação ao avanço do mar na praia do Açu. Rosman realizou um estudo, a pedido da empresa Prumo, para avaliar se há necessidade ou não fazer obra de transpasse de sedimentos e participou, ontem, de uma audiência pública realizada pela Câmara de São João da Barra para esclarecer questionamentos se as obras do Porto estariam causando a erosão e o avanço do mar na praia do Açu.

De acordo com o engenheiro, que é especialista em Obras Hidráulicas e Saneamento, seu estudo mostra que não há desequilíbrios entre os dois pontos do terminal do Porto do Açu a ponto de ser considerado como erosão. “Não encontrei evidências de que o problema de erosão da praia do Açu tenha ligação com o Porto. O que fica claro analisando o litoral no entorno do terminal TX2 é que esse transporte de areia do sul para o norte e do norte para o sul é muito equilibrado. Então se você olha as imagens de satélite, você verifica que tem um mole sul e um mole norte, e vê que o litoral em ambos os lados está quase simétrico. Não existe crescimento de um lado e erosão do outro, nem o oposto”, disse ao acrescentar que: “Essa região da praia central que vai do Açu até Atafona se caracteriza por uma tendência de equilíbrio. Diferente um pouco do que acontece mais ao sul, próximo ao Canal das Flechas, onde você tem uma evidente tendência de transporte de sul para o norte, muito forte. Há um acúmulo muito grande de areia na parte sul do canal, e uma erosão na parte norte. Já na região do Porto não, você tem uma situação equilibrada”.

Indagado sobre o que poderia estar contribuindo para o avanço do mar no Açu, Rosman disse o seguinte: “Não tenho elementos para dar uma resposta definitiva porque analisei mais a região do Porto e mostrei aspectos gerais. Não fiz uma avaliação dedicada a questão da Praia do Açu e nem sequer tenho conhecimento de que existam dados históricos que se permitam fazer uma avaliação quantitativa a respeito da gravidade dos processos erosivos que tenham acontecido na Praia do Açu. Mas você só tem informação quantitativa para dar se você tem medição. Na região do Açu eles (a Prumo) têm feito essas medições desde 2011, porém é um período curto para dizer se o que está acontecendo agora é comum ou incomum”.

Ele apontou o Plano de Gerenciamento Costeiro como uma forma de solução para o problema de erosão e citou a cidade de Cabo Frio como exemplo a ser seguido. “Recomenda-se que a prefeitura de São João da Barra passe a respeitar a faixa dinâmica do litoral, evitando urbanizações indevidas. No estudo destaquei como exemplo de urbanizações próprias e impróprias o litoral de Cabo Frio. O trecho com ocupação que desrespeita a faixa dinâmica de praia tem sofrido seguidos danos em episódios de ressacas de Sudeste, mais intensas e recorrentes em anos de El Niño forte. Nas mesmas ressacas o trecho que respeita a faixa dinâmica de praia recompõe-se naturalmente, sem causar perdas de benfeitorias urbanas. O Açu deve seguir o bom exemplo de Cabo Frio”, destacou.

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