Garotinho perdeu para Garotinho
Suzy 06/10/2014 02:06
    Desde a manhã de ontem, quando se recusou a fazer o "V" da vitória ao votar, o deputado Anthony Garotinho já sinalizava que as coisas não iam bem. As lentes do repórter fotográfico Leonardo Berenger não deixavam negar. Na verdade, bem antes disso, sua campanha já vinha baixando o tom, não nos ataques, mas no ânimo. No último debate, Garotinho foi isolado pelos adversários Marcelo Crivella e Lindberg Farias, que montaram a estratégia de trocar perguntas e atacar Pezão para um dos dois chegar ao segundo turno. Conseguiram. Sábado, Garotinho reconheceu dificuldades na reta final - de arrecadação e  dívidas na casa dos milhões. Ele reconheceu ter chegado  ao seu limite físico: “Eu não sei como eu vou começar a campanha se eu for para o segundo turno”. Ontem, depois de votar, chegou a dizer que voltaria para o Rio, mas decidir ficar na emblemática casinha da Lapa, onde a tensão reinou durante todo o dia. O pouco de alívio que chegou com a pesquisa de boca de urna, que sinalizava Garotinho do 2 turno, logo foi superado pelas urnas. Soberanas, como disse o próprio Garotinho. Garotinho perdeu para Pezão e Crivella. Mas perdeu para as urnas, para as ruas, para ele próprio. Porque o Garotinho de quase três décadas atrás, que pregava mudança, acabou se tornando um senhor tão semelhante ao que ele condenava no princípio. Ininterruptamente a política, a política, a política, a busca pelo poder através de atos tão antigos e tão igualmente condenáveis. Talvez a principal lição dessa derrota seja que a política do ataque, da difamação e do assistencialismo não seja mais o que a população quer. Talvez a população queira um líder combativo, não alguém que dispare sua metralhadora sem pesar em quem atinge. Talvez, só talvez, esteja na hora de repensar, calçar as tais sandálias da humildade para poder seguir em frente.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Suzy Monteiro

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS