Não importa o resultado: Perdemos
José Paes 03/10/2014 17:32

Chegamos ao fim do período eleitoral. No próximo dia cinco, tomaremos conhecimento dos resultados de disputas eleitorais ao mesmo tempo imprevisíveis e insossas, em que mais uma vez pouco se discutiu temas importantes para o futuro do país e do nosso Estado do Rio de Janeiro.

A eleição presidencial, que caminhava rumo ao marasmo, numa já cansativa disputa polarizada entre e PT e PSDB, ganhou contornos imprevisíveis, com a lamentável morte de Eduardo Campos e assunção de Marina Silva a candidata. O que prometia marcar um novo período nas disputas presidenciais, contudo, se tornou mais do mesmo, apenas com novos protagonistas. Pouco se discutiu sobre temas essenciais para o desenvolvimento do Brasil, como reforma política, tributária, trabalhista, previdenciária, pacto federativo, dentre outros. Por outro lado, sobraram acusações, troca de farpas, proliferação de mentiras, num lamentável jogo de publicidade de quinta categoria entre os adeptos da política do medo e da pseudo nova política. A disputa ainda está aberta, mas, infelizmente, tudo indica que a Presidente Dilma deva se reeleger.

Já no que diz respeito ao governo estadual, o que se viu foi o já esperado baixíssimo jogo de agressões mútuas. Pezão conseguiu vender bem o seu peixe, se valendo da máquina e do enorme tempo de TV. Garotinho focou no passado, na volta das suas políticas populistas. Com pouco tempo de TV, isolado, sequer conseguiu se valer da sua grande arma, o poder de comunicação. Crivela fez o esperado e o seu resultado também deverá ficar dentro do previsível. Mais uma vez cairá no primeiro turno. Lindberg, para mim, foi a maior decepção. Mesmo não sendo petista, esperava mais dele, pelo seu carisma. São muitos os fatores que decidem uma eleição, mas a prática do voto útil em Pezão e equívocos de comunicação, lhe impuseram uma provável derrota.

No que tange a nossa região, se as previsões se confirmarem, mais uma vez veremos o nosso potencial político ser desperdiçado nas eleições legislativas, em razão de vaidades políticas tanto da situação, como da oposição. O resultado da eleição para governador, contudo, deve trazer um novo horizonte para as eleições de 2016. Quem sabe, seja o início do fim.

Dito isto, preciso confessar que esperava muito mais dessas eleições. Quem vivenciou as manifestações do ano passado, certamente não ficou satisfeito com o resultado das eleições deste ano. Sejam os vencedores quem forem, nós, os cidadãos, já perdemos. Perdemos a oportunidade de fazer diferente. Tudo permaneceu igual. De nada adiantará cobrar depois.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de ontem (02/10)

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