Aécio e Dilma trocam acusações sobre família, bebida e corrupção
Alexandre Bastos 16/10/2014 20:07
[caption id="attachment_28557" align="aligncenter" width="559"] Dilma e Aécio participaram de debate promovido por SBT, Jovem Pan e UOL - Fernando Donasci / Agência O Globo[/caption]

Os candidatos à presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), participaram nesta sexta-feira à noite do segundo debate televisivo do segundo turno. Organizado pelo SBT/UOL/Jovem Pan, o encontro entre os presidenciáveis teve início às 18h05m com os postulantes justificando o por que pretendem assumir o mais alto cargo do Executivo. O tucano defendeu sua candidatura para “encerrar um ciclo que fracassou na economia, com inflação alta e baixo crescimento, além da piora dos indicadores sociais”. Já a atual presidente se disse defensora de um “projeto que vê na justiça social a única maneira de levar o país ao futuro”. Quase no final do primeiro bloco, após ser acusado de nepotismo, Aécio acusou Dilma de ter um irmão como funcionário fantasma do ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, quando o petista era prefeito de Belo Horizonte em 2003. E no início do segundo bloco, Dilma citou reportagem na qual o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teria pago propina ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para esvaziar uma CPI criada para investigar a Petrobras em 2009.

O encontro seguiu ainda com sucessivas trocas de acusações sobre corrupção, mal gestão de governo e conduta ética. "A senhora conhece o senhor Igor Rousseff? O seu irmão foi nomeado por Fernando Pimentel e nunca apareceu para trabalhar. A diferença é que minha irmã trabalha muito e não recebe nada. O seu irmão não trabalha nada e recebe muito", disse ao rebater acusação da petista no primeiro debate, na semana passada, de que Aécio teria praticado nepotismo ao colocar “uma irmã, um tio, três primos e três primas no governo”.

Dilma no ataque -  Logo no início do segundo bloco, a candidata Dilma Rousseff mencionou reportagem publicada pelo site da “Folha de S. Paulo” na qual revela que o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teria repassado propina ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em março deste ano, para que ajudasse a esvaziar uma CPI criada para investigar a Petrobras em 2009. "Há pouco saiu uma notícia que diz que o ex-diretor da Petrobras afirmou que o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, recebeu propina para esvaziar uma CPI. É muito fácil o senhor fazer denúncias. Quando a gente verifica que o PSDB recebeu propina para esvaziar uma CPI o que importa? Importa investigar. Lamento que ele esteja morto. É importante saber quando recebeu, como recebeu e para quê", disse.

Aécio se defende atacando - Aécio então defendeu uma investigação sobre o caso, porém, ressaltou que há outras denúncias que também precisam de respostas ao lembrar que o tesoureiro do PT, João Vaccari, foi acusado pelo ex-diretor da Petrobras de cobrar propina para conta de campanha. "Candidata, aí já vai uma outra diferença profunda entre nós. Para mim, não importa o partido. A investigação tem que vir, doa a quem doer. Tem algo positivo no que a senhora diz, que dá credibilidade à denúncia do Paulo Roberto. Esse que diz que 2% da propina ia para o seu partido. E o que a senhora fez nesse período? Nada. As denúncias são construídas a partir de uma organização criminosa que atuou dentro da Petrobras. Foram 12 anos em que os cofres da Petrobras foram assaltados. Agora, se a senhora diz que quer ir a fundo, porque o seu partido impediu que o senhor Vaccari fosse depor, que fosse explicar? E digo mais, ele ainda é tesoureiro do seu partido. Pelo menos R$ 4 milhões foram transferidos pelo senhor Vaccari para a sua conta de campanha. Acho que os brasileiros tem que saber, antes das eleições, de onde veio esse dinheiro", completou o tucano.

Dilma manda indireta envolvendo bebida e Lei Seca - No início do terceiro bloco, a presidente Dilma Rousseff questionou o tucano sobre qual a opinião dele sobre a Lei Seca, numa clara indireta a um fato de abril de 2011, quando Aécio foi parado em uma blitz, no Rio de Janeiro, e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Na ocasião, Aécio teve a habilitação, que estava vencida, apreendida. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia citado o caso, ontem, durante um comício no Pará. "Todos os anos, 40 mil pessoas morrem e outras pessoas sofrem consequências de acidentes de trânsito. Eu sancionei a Lei Seca. O que senhor acha e como o senhor vê a Lei Seca, e se toda a pessoa tem que fazer o exame?", perguntou.

Aécio admitiu ter sido flagrado com a carteira vencida, e que ‘inadvertidamente’ não fez o exame, e que se arrependeu de não tê-lo feito. E em seguida acusou a presidente de nomear o tesoureiro do partido, João Vaccari, na usina de Itaipu. "Tenha a coragem de fazer a pergunta direta. É claro que essa atitude é extraordinária. Foi uma lei aprovada pelo Congresso Nacional. Tive um episódio que estava com a carteira vencida e não fiz o teste (do bafômetro). E me arrependi. Quero que a senhora olhe para frente. Por que a senhora mantêm nomeado em Itaipu o tesoureiro do seu partido que mantinha dinheiro na sua campanha? Vamos falar de coisas sérias. Não é possível que a senhora queira fazer uma das mais baixas campanhas deste país. Quando a senhora fere a mim e a minha família, ofende as famílias brasileiras que estão em casa. Quando a senhora foi eleita, veio de um presidente popular, mas o seu governo não foi candidata. Seu governo fracassou. A senhora não trouxe para esse debate uma proposta sequer para a saúde, para a segurança pública. Tire os olhos do retrovisor do passado", rebateu Aécio.

 Fonte: O Globo 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Alexandre Bastos

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS