Paulo Vizela: "Os institutos de pesquisa erraram?"
Alexandre Bastos 09/10/2014 13:36

O especialista em Direto Eleitoral, Paulo Vizella, enviou ao blog sua análise sobre os erros dos institutos de pesquisa no primeiro turno. Confira:

OS INSTITUTOS DE PESQUISA ERRARAM?

Projetar resultado de eleição não é tão fácil como possa parecer. Os conjuntos de variáveis que integram uma pesquisa eleitoral nos obrigam realizar diversas frentes de análise. Os números finais não revelam obrigatoriamente um resultado frio e matemático e sim uma tendência. Há entre o momento que se colhe a informação e sua apuração um espaço dinâmico em que se constrói o resultado. Num cenário com cerca de 20% do eleitorado indeciso, já é suficiente para admitir que possíveis e significativas alterações pudessem ocorrer no momento em que eles decidissem em quem votar e, isto ocorreu. A pesquisa foi apresentada para um universo composto pelos votos válidos, ou seja: “são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição” (G1 em 04/10/2014). Se compararmos o resultado da pesquisa: Dilma: 40%; Aécio Neves: 24% e Marina Silva: 21%, com o resultado oficial: Dilma Rousseff: 41,59%; Aécio Neves: 33,54% e Marina Silva: 21,31% poderemos verificar que os indecisos migraram para o Aécio com o resultado do último debate. A esta altura surge uma pergunta que não podemos deixar de ouvir: E para governador o que aconteceu? Afinal o Crivella ultrapassou o Garotinho. A primeira vista parece uma contradição de nossa parte. Tenho a seguinte visão: com uma rejeição de cerca de 50% o Garotinho tinha uma laje sobre sua cabeça o que impedia seu crescimento. Na eleição para governador, detectamos a presença de um movimento pelo voto tático, onde o eleitor vota em outro candidato que não seja o de sua vontade para afastar de vez determinado candidato. Aqui me faço a pergunta: O que era mais viável, Pezão ganhar no primeiro turno ou Garotinho ficar de fora do segundo turno? As pesquisas apontavam: Pezão 36%, Garotinho 25%, Crivella 22%, e Lindberg 10% dos votos válidos. Assim, Pezão estava a 14 pontos para decidir no primeiro turno e Garotinho para ir para o segundo turno não poderia perder 3%. Muitos indecisos votaram em Pezão... De outros... Garotinho se tornou alvo do movimento “FORA GAROTINHO”: Votar no Crivella para tirar o candidato do PR do segundo turno. Era o voto tático. Perguntamos: As pesquisas erraram ou orientaram os eleitores na reta final?

Paulo Vizella

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