Debate com troca de farpas entre Pezão e Crivella
Alexandre Bastos 08/10/2014 13:06
[caption id="attachment_28314" align="aligncenter" width="489"] Gustavo Miranda / Agência O Globo[/caption]

Os candidatos ao governo do estado do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB), participaram nesta quarta-feira do primeiro debate do segundo turno, realizado pela revista Veja, a Universidade Estácio de Sá e a OAB/RJ. Se no primeiro turno apenas Crivella atacou, agora foi diferente, com Pezão também partindo para cima do oponente. Logo início, os dois começaram os ataques mútuos. Um dia após o anúncio da aliança entre Crivella e Anthony Garotinho (PR), Pezão tratou de colar a imagem de Crivella a do ex-governador, recomendando o senador a “tomar cuidado ao defender o Garotinho” e, em outro momento, se referindo à dupla como "Crivellinho". Crivella, por sua vez, criticou o ex-governador Sérgio Cabral e os partidários de Pezão. Um dos alvos foi a divisão do PMDB estadual entre apoiar Dilma e Aécio. Em determinado momento, o candidato do PRB acusou Pezão de não mandar em sua própria campanha.

"Tome cuidado com o Garotinho" - O debate ocorre em meio a um período estratégico de formação de alianças para o segundo turno: nesta quarta-feira, além de Garotinho, o candidato do PRB será oficialmente apoiado também por Lindberg Farias, candidato derrotado do PT. "Senador, tome cuidado com essa convivência com Garotinho. Ele vai fazer você mentir também", afirmou Pezão para Crivella, ao rebater o adversário sobre a construção do Hospital Dona Lindu, em Paraíba do Sul. "O povo na rua diz que o pé do Pezão cresceu porque ele é tipo o Pinóquio, mas ao invés do nariz, o pé é que cresce", respondeu Crivella.

Religião - O pastor Silas Malafaia, que participou do debate fazendo perguntas, acusou Crivella de obedecer seu tio e líder da Igreja Universal, Edir Macedo. Crivella disse que não tem interferência na Igreja Universal e aproveitou para reafirmar que não vai confundir o interesse público "com qualquer outro interesse".  Foi aí que o clima esquentou entre o bispo e o pastor. "As pessoas conhecem suas ligações com esse governo", disse Crivella. "Mentira", gritou Malafaia. "Mentiroso é o senhor", continuou Crivella, que trocou o tom de voz baixo por um estilo agressivo. "Suas mágoas, seus recalques, suas frustrações, leve para Deus, não a mim", disse, afirmando depois: "De maneira nenhuma, como governador do Estado, vou permitir que o interesse público seja sublevado por qualquer outro interesse. O que vai prevalecer é o interesse do povo. Meu passado me credencia àquilo que estou me candidatando", completou.

Já Pezão voltou a criticar o fato de Garotinho ter entrado para a aliança de Crivella e questionou se o candidato vai lotear cargos do seu governo como no Ministério da Pesca - que abriria caminho para que o candidato derrotado do PR entrasse para a administração caso Crivella fosse eleito. "O Crivella passou incólume no primeiro turno falando que só ele era honesto e tinha mãos limpas. É importante fazer essa discussão nos segundo turno, Já que ele se uniu ao ex-governador Garotinho, a quem ele criticou muito", disse Pezão, que lembrou que, para o Ministério da Pesca, foram nomeados membros da Igreja Universal. "Você estava na inauguração do Templo de Salomão ao meu lado. Mas você é assim mesmo, uma hora é Dilma, uma hora é Aécio. Quem diz que eu sou Ficha-Limpa, Cabral...Cabral, Pezão, sei lá o que, é a Justiça", disse o candidato do PRB.

Crivella: "Pezão é uma boa pessoa, mas não vai mandar" -Em uma ocasião, discutindo a base aliada de Pezão, Crivella fez afagos ao oponente, dizendo que ele é "uma boa pessoa", mas que "Não manda na sua campanha e não vai mandar no seu governo". "A minha preocupação é o grupo que está atrás do Pezão. Ele não pode definir se apoia Dilma ou Aécio, porque está dividido. O Pezão não manda na sua campanha e não vai mandar no seu governo. O Pezão é até uma pessoa boa, simpática, que nós admiramos. Pezão afirmou a Crivella que "à frente do governo", quem manda é ele, e que os partidários do PMDB e aliados foram eleitos com o voto popular.  "Eu tenho 32 anos de vida pública, me orgulho muito da minha trajetória. À frente do governo do estado, quem manda sou eu, bispo Crivella. Eu tenho a minha carreira, a minha vida. Esses parlamentares que o senhor está falando, todos foram eleitos com o voto do povo.

Pezão: "Até a sua mãe vai votar em mim" - Pezão brincou ao mencionar um perfil publicado pelo Globo, em que a mãe do senador Marcelo Crivella diz que, após a propaganda eleitoral, teria dito que "Pezão é um bom moço", e se perguntou se ela não votaria no adversário. "Gostei muito de ver a entrevista da sua mãe, que até ela estava votando em mim. Acho que o senhor vai acabar votando em mim", brincou.

Sumiço de Cabral - O humorista Marcelo Madureira, que também participou do debate, elogiou o governo feito por Sergio Cabral e Pezão e questionou a ausência de o ex-governador em sua campanha. Como de costume, Pezão disse que a participação de Cabral em sua campanha foi efetivo assim como em seu governo e defendeu o seu governo e voltou a comparar Cirvella à Garotinho. "Ele participou do meu programa eleitoral. Eu tenho uma convivência com ele, sim. vinha e voltava do trabalho com ele 80% das vezes. Mas eu não era um nome conhecido, eu precisava aparecer. Fizemos, sim, um bom governo", disse Pezão.

Crivella: "Não vou fazer greve de fome" - Durante suas considerações finais, o senador Marcelo Crivella, que esteve ontem na casa da Lapa, deu uma alfinetada no seu novo aliado. "Serei um governador que não vai ficar em Paris com guardanapo na cabeça, nem vou fazer greve de fome", disse, claramente se referindo aos ex-governadores Cabral e Garotinho, respectivamente.

 Fonte: O Globo 

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