Lenda Chinesa
bethlandim 10/10/2014 14:14

Era uma vez uma jovem chamada Lin, que se casou e foi viver com o marido na casa da sogra. Depois de algum tempo, começou a ver que não se adaptava à ela. O temperamento de Lin era muito diferente e se irritava constantemente com a mãe de seu marido. Com o passar dos tempos, as coisas pioraram tanto, que viver com ela, se tornou insuportável. No entanto, segundo as tradições antigas da China, a nora tem que estar sempre a serviço da sogra e obedecer-lhe. Mas Lin, não suportando por mais tempo, a idéia de viver com ela e tomou a decisão de ir consultar um Mestre. Depois de ouvir a jovem, o Mestre Huang pegou num bom ramalhete de erva, para se usar por meses e disse-lhe: “Para te livrares da tua sogra, não as deves usar de uma só vez, pois isto, poderia causar suspeitas. Vais misturá-las com a comida, pouco a pouco, dia após dia, e assim ela vai-se envenenando lentamente. Outra coisa, para que ninguém suspeite de ti quando ela morrer, tenha o cuidado de tratá-la sempre com muita amizade, respeito e carinho”. Lin respondeu: “Obrigado, Mestre Huang, farei tudo o que me recomendas”. Lin ficou muito contente e voltou entusiasmada com o projeto de assassinar a sogra lentamente. Durante várias semanas, Lin serviu todos os dias, uma refeição preparada especialmente para a sogra. E tinha sempre presente, a recomendação do Mestre Huang, que para evitar suspeitas, deveria controlar seu temperamento e tratá-la com amizade, respeito e carinho.

Passados seis meses... Aquela família, estava totalmente mudada. Lin controlou totalmente o seu temperamento e não se aborrecia mais com a sogra. Havia meses que não mais discutia com ela. A sogra se mostrava muitíssima amável e a tratava como fosse uma filha querida. A atitude de Lin mudou tanto, que ambas pareciam ser mãe e filha. Então, Lin foi correndo procurar o Mestre Huang, para lhe pedir uma nova ajuda e disse-lhe: “Mestre, por favor, ajude-me a evitar que o veneno venha a matar a minha sogra. É que ela mudou muito e se transformou numa mulher tão agradável, que parece ser minha mãe. Não quero que ela morra por causa do veneno que lhe dei.” Mestre Huang sorriu e abanou a cabeça: “Lin, não te preocupes. A tua sogra não mudou. Quem mudou foste tu. A erva que te dei é apenas um chá. O veneno Lin, estava nas tuas atitudes, mas foi sendo substituído pela prática do amor ao próximo que exercitastes no seu dia a dia de tolerância, compreensão e paciência”.

É sempre tempo de repensar atitudes...

Relacionar-se é uma deliciosa aventura e, ao mesmo tempo, uma fonte imensurável de alegria e risco, pois uma andorinha só não faz verão, e o que seria de nós isolados de todos que nos cercam e caminham lado a lado conosco nesta etapa do caminho? Em todo mal-entendido reside muito desgaste e sofrimento desnecessário. Por isso, é preciso estar atento àqueles que amamos, aos anseios e necessidades daqueles que nos cercam. Atenção à palavra que devia ter sido pronunciada, mas ficou fechada na garganta e era hora de falar e, sobretudo, ao silêncio que não foi erguido no momento exato quando era momento de calar. São nos relacionamentos que as personalidades se confrontam, os medos se comunicam e a sutil necessidade de impor, característica inerente ao ser humano, se aflora e se disfarça em zelo e proteção. Se somos todos tão dependentes de amar e receber amor, precisamos lapidar nossas emoções e fixar atitudes que alarguem nossos passos e abram nosso coração em direção ao outro. Somos seres que buscam incessantemente a luz, então temos que buscar com mais intensidade esta ligação com o divino que irá nos inspirar sempre, nos tornando pessoas mais leves, de bem com a vida, sem tantos temores e receios que nos impedem de prosseguir, retardando o nosso progresso.

Partilhar a vida com alguém é oportunidade de enriquecê-la. Sempre vale a pena apostar nos relacionamentos quando existe a vontade de descobrir esse outro, tocar sua alma, entender o que deseja, do que precisa, o que pode e o que lhe é possível fazer. Ansiando por coisas prontas e procurando, no outro, os modelos exatos das coisas que nos completam, jamais encontraremos a cumplicidade tão necessária nos relacionamentos diários. Admitir a liberdade do outro é tarefa árdua e fundamental para o próprio crescimento. A alma daqueles que amamos será sempre uma terra inexplorada e não-mapeada, mas a humildade e a coragem de habitá-la sempre serão facilitadores desse sinuoso caminho. Erguemos muralhas difíceis de invadir porque, inseguros de nossos potenciais, precisamos usar máscaras. Enquanto isso impedimos que o outro nos descubra e se aproxime, perdendo um tempo que se chama “presente precioso” e que devemos vivê-lo com plena intensidade. Seja como for, desejo que a alma daqueles que você ama, seja sempre a busca constante de seu encontro e crescimento pessoal, para que os relacionamentos floresçam e o estreitamento dos laços afetivos sejam instrumentos de reescrita de sua história. Quando mudamos nossas atitudes... tudo ao redor muda...

Com afeto,

Beth Landim

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