Suzy Monteiro
Foto: Rodrigo Silveira

Motoristas e cobradores dos ônibus em Campos entram em greve a partir da 0h de domingo (28). A decisão foi tomada em assembleia da categoria, ocorrida terça-feira (23). De acordo com o presidente do sindicato dos Rodoviários, Roberto Virgílio, a greve foi decretada por não haver avanço nas negociações com as empresas. A categoria quer reajuste de 17%, entre outras melhorias. O sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Campos (Setranspas) disse que considera o movimento ilegal, uma vez que o dissídio coletivo aguarda julgamento no Tribunal do Trabalho. Em abril deste ano, os rodoviários cruzaram os braços por uma semana. Eles voltaram ao trabalho após o Ministério Público Estadual retirar veículos das empresas e a Prefeitura oferecer transporte gratuito à população. Na quinta-feira (25), a Prefeitura emitiu nota informando que a Procuradoria ingressou na Justiça requerendo liminar pedindo abusividade do movimento.

De acordo com Virgílio, o reajuste salarial deveria ter acontecido em março, mas até o momento não houve avanço nas negociações. Ele informou que serão mantidos os 30% dos ônibus circulando e está conversando com a categoria para que, caso a paralisação seja prolongada, que no domingo, dia 5, quando ocorrerão as eleições, 100% da frota esteja nas ruas.

Entre as reivindicações dos rodoviários estão: reajuste de 17%, cesta básica, não desconto do cobrador em caso de eventuais assaltos, plano de saúde e uniforme gratuito. Segundo o sindicalista, há aproximadamente dois mil rodoviários no município, entre motoristas, cobradores e demais funcionários das empresas.

Questionado sobre se acha que os problemas ocorridos na greve de abril poderão se repetir, Virgilio disse que espera que não: “Greve é um direito legítimo do trabalhador e isso tem que ser respeitado”, falou, acrescentando que a entidade aguarda uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho a respeito do dissídio.

Em nota, o Setranpas se manifestou contrário à greve: “O Setranspas foi informado da greve a partir de segunda-feira, e considera o movimento irregular, já que ainda não há definição sobre o dissídio coletivo, que está em julgamento no Tribunal de Justiça do Trabalho”, disse a nota.

De acordo com nota enviada pela Prefeitura, “a Procuradoria Geral do Município informa que, em função do risco iminente de paralisação de serviço essencial como o transporte coletivo, o Município de Campos está ingressando na Justiça hoje (25/09/14) com pedido de liminar, visando impedir a abusividade do movimento. A paralisação, além de prejudicar o dia-a-dia da população, também implica em impossibilitar o cidadão quanto ao regular exercício do direito ao voto, visto que o movimento foi anunciado para acontecer a uma semana das eleições e seria por tempo indeterminado”.

Licitação ainda está em fase de análise

Enquanto segue a pendência entre empresas de ônibus e funcionários, o município aguarda licitação de transportes coletivos. No último dia 16, o presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL), José Carlos Ferreira Monteiro, informou que em um prazo máximo de 30 dias a licitação do transporte coletivo de Campos estará encerrada. Na ocasião, ele informou que atualmente os recursos para avaliação de preço dos lotes 1 e 2 estão sendo analisados pela Procuradoria do Município e que a proposta de preço referente ao lote 3 foi aprovada. A empresa Rogil, após análise por parte da CPL da planilha apresentada, teve sua proposta de preço no valor de R$ 2,75 classificada. O novo programa para o transporte coletivo prevê frota de 383 novos ônibus. O atual certame é a quarta tentativa da Prefeitura de Campos em realizar a Concorrência Pública para a escolha das empresas. Os outros foram impedidos pela Justiça, com a alegação de erros nos editais. Em nota, a Prefeitura informou que “quanto ao processo licitatório para a concessão do serviço público de transporte coletivo, o mesmo se encontra em etapa final de análise para sua conclusão”.