O caos da mobilidade
José Paes 08/08/2014 14:06

Como todo campista que circula pela área central da cidade, eu também venho sofrendo com o caos do trânsito daquela região. Muito em razão disso, resolvi abordar novamente a questão da mobilidade urbana em nosso município.

Na verdade, as recentes obras do centro da cidade, em especial a que promete acabar com os alagamentos na descida da ponte Leonel Brizola, apenas reforçam o que há muito se diz aqui: A mobilidade urbana não é uma prioridade da atual gestão municipal, que trata a questão de maneira amadora.

Importante salientar que a obra em questão é importantíssima, há muito exigida e, se bem feita, resolverá um grave problema da cidade. O problema não é a obra em si, mas como ela é administrada. Nesses últimos dias, nas constantes passagens pelo local, vi pouquíssima informação, vi pouquíssimos guardar orientando os motoristas e, principalmente, vi pouquíssima coibição às infinitas infrações de trânsito praticadas naquela região da cidade. Vi, por outro lado, a interdição de caminhos alternativos, para mais obras, dificultando ainda mais o trânsito na região.

Me parece, na verdade, que a Administração municipal desconhece a palavra planejamento. Era realmente necessário, por exemplo, durante as obras no entorno da ponte, interditar uma possível via de escape, para acabar com ligações clandestinas de água? Não haveria outro momento mais adequado para tanto?

Esse é apenas um exemplo de como se cuida mal da mobilidade da nossa cidade, que somados a outros tantos, revelam a razão de sofrermos tanto com o transporte. Obras importantes, como a do novo trecho da Avenida Arthur Bernardes e da rodovia Campos-Farol, infinitamente atrasadas; processo licitatório elaborado de forma inadequada, que inviabiliza a melhora no transporte coletivo de ônibus; Vans competindo, ao invés de complementarem o serviço dos ônibus; projetos prometidos, como o do Aeromóvel, que nunca saem do papel; obras simples, como as das ciclo faixas, feitas de qualquer jeito, apresentando aberrações, como a divulgada recentemente no jardim carioca.

Enfim, muito além de ideias e de intervenções no trânsito da cidade, é preciso planejamento, organização, competência. Não se pode admitir que a mobilidade do município seja tratada com tamanho desleixo e irresponsabilidade. Vivemos numa cidade que, em razão das características geográficas, não deveria possuir os problemas de mobilidade que já possui. Algo precisa ser feito, enquanto é tempo, para que não tenhamos instalado aqui, em curto prazo, o caos vivido pelas grandes cidades.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de quinta-feira (07/08)

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