Poder do eleitorado evangélico impede debates polêmicos
Alexandre Bastos 11/08/2014 15:05

O debate de temas polêmicos, como aborto e legalização da maconha, deve ficar abafado nas campanhas dos três principais candidatos à Presidência da República até a realização do primeiro turno das eleições. Com essa estratégia, a presidente Dilma Rousseff (PT) e os oposicionistas Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) buscam não desagradar os evangélicos, que representam 22,2% da população brasileira, segundo o IBGE.

Para especialistas, o peso do voto religioso freia uma discussão mais ampla sobre temas ligados, por exemplo, aos direitos das mulheres, direitos dos homossexuais e ao combate ao tráfico de drogas. O comentarista político Kennedy Alencar avalia que compromissos políticos estabelecidos durante a campanha vão comprometer as decisões do próximo presidente. "São assuntos que pertencem basicamente ao Congresso. Se são levados à disputa presidencial, os candidatos ficam de mãos atadas se quiserem lidar com a questão do aborto, por exemplo, do ponto de vista da saúde pública", argumenta. "Dessa maneira se congelam temas que merecem debate, respeitadas todas as posições."

Marcos Pereira, presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB), legenda ligada à Igreja Universal, defende que os posicionamentos sobre questões do campo moral sejam claros entre os candidatos. "Se tiverem que se posicionar, devem fazer isso abertamente para não deixar dúvidas sobre o que pensam. O eleitorado evangélico acaba tomando a resposta duvidosa como algo contrário ao que ele pensa", disse o bispo, ressaltando que, no primeiro mandato, Dilma não fomentou nem apoiou a discussão de temas polêmicos.

Evangélico vota em evangélico? - A novidade da eleição presidencial deste ano é um candidato pastor. Quarto colocado nas pesquisas, Everaldo Pereira, vice-presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC) e líder da Assembleia de Deus, está com 3% das intenções de voto, de acordo com o Ibope. Villa considera que, para uma "pessoa desconhecida", o índice é significativo. "A aprovação dele é grande no Rio de Janeiro, o segundo maior colégio eleitoral do País. Se permanecer nessa faixa, será extremamente importante para a realização de um segundo turno", analisa.

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