Mãe, para sempre
Suzy 18/06/2014 08:20
Há nove anos, nossa mãe é só lembrança. Só lembrança? Bobagem minha. É a lembrança mais presente, mais real, mais palpável. Impossível não ver os traços dela na família que gerou. Na minha irmã, o jeito acolhedor que faz a casa estar sempre cheia, comida à mesa, todos de corações e barrigas cheias. Na minha sobrinha, a meiguice, a ternura, a capacidade de sempre fazer amigos. No meu sobrinho, o bom coração, o semblante sereno, a boa conversa, o carinho. Na minha filha, além do próprio nome e do semblante, a obstinação, o não chorar, apesar de sofrer, o se manter firme. Em mim, sempre procuro algo dela e, vez por outra, me vejo falando e é o som de sua voz que escuto, são os seus ensinamentos que repasso, é o seu sorriso que aprendi a manter, mesmo quando a situação exige lágrimas. Queria ser um pouco da mãe que ela foi (e ainda é, pois seus conselhos vem sempre quando preciso): amorosa, paciente, carinhosa, acolhedora, amiga. Quem a conheceu está aí para confirmar: Maria Helena, minha mãe, era um ser único, iluminado, que aquecia o coração de tal forma que a sua saudade não carrega culpas, desespero ou dor. É repleta de agradecimento pela benção que foi o tempo em que estivemos juntas, pelo aprendizado e pela certeza da família íntegra e única que ela criou. Mas, em dias como hoje, é difícil não lembrar Drummond:
"Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho¨.

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    Suzy Monteiro

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