Não chega a ser inédito, muito menos original. A independência entre os poderes de um Estado Democrático de Direito parece ser ainda uma realidade muito distante. Essa independência é que deveria garantir o pleno funcionamento da democracia, e as instituições democráticas têm o dever de garantir o exercício honesto da cidadania. A justiça, enquanto instrumento de validação das práticas democráticas, não deveria se aproximar do Executivo, pondo em risco sua isenção na análise dos fatos que por ventura venham a ser objeto de sua investigação. Talvez por excesso de amor à cidade ou por se colocar como alavanca do desenvolvimento e progresso de nossa gente, nossa justiça pareça estar engajada, também com a família, no palanque político, acreditando neste amor incondicional e neste progresso. A crise que se instalou no âmbito da cultura campista (quem pode garantir?), não se transforme numa crise institucional de graves proporções, merecendo, por isso, atenção especial e merecedora de manobras, para garantir a paz, a ordem e o progresso. Chega a ser cômico que a Sra. Patrícia Cordeiro ter sido convocada tantas vezes a ir ao Legislativo Municipal para dar esclarecimentos sobre práticas suspeitas na sua gestão, à frente da FCJOL, e não comparecer, e em circunstâncias em que ela estaria "em casa", entre amigos vereadores, peças fundamentais na construção de sua blindagem, de que tanto já falamos. É sim, cômico e curioso que ela ignore o Legislativo e que venha a se colocar "à inteira disposição do Ministério Público para quaisquer esclarecimentos", justificando-se, com, entre outros considerandos, este que reproduzimos a seguir: “Considerando que os gestores públicos devem primar por total transparência dos atos praticados à frente da Administração Pública, no intuito de resguardar o direito à informação e a supremacia do interesse público”, etc, etc, etc.. Particularmente gosto muito desta expressão "supremacia do interesse público" porque ela nos lembra seu contrário, "supremacia do interesse privado".