De novo, o mercado
José Paes 25/06/2014 14:11

Recentemente, abordei aqui a questão da reforma do Mercado municipal e do seu entorno. Destaquei que, dentro do contexto de revitalização do centro histórico da cidade, seria de fundamental importância que a reforma do mercado municipal, além de preservar e recuperar suas características originais, devolvesse sua visibilidade, reintegrando-o ao cenário daquela região.

Nas últimas semanas, contudo, tive acesso aos projetos de reforma, em execução, do mercado municipal e do Shopping Popular Michel Haddad, e pude constatar, junto com os meus colegas do Observatório, que os mesmos vão no sentido contrário a tudo que foi dito no meu anterior artigo.

A nova feira livre, além de possuir estilo arquitetônico totalmente diferente do prédio histórico do mercado, continuará impedindo sua visualização, na parte voltada para o canal Campos – Macaé. O camelódromo, pasmem, será aumentado, ficando praticamente colado ao prédio do mercado, dificultando ainda mais sua visualização, na parte voltada para a rua Barão de Amazonas.

Além disso, será construído um prédio administrativo, que além das diferenças arquitetônicas, impedirá a visualização do prédio na sua extremidade norte. Não bastasse isso tudo, ainda construirão uma espécie de muro no entorno do camelódromo e do mercado, isolando ainda mais o prédio histórico do seu entorno.

Ainda na semana passada, o público tomou conhecimento de que o COPPAM, conselho, dentro outras funções, responsável por aprovar obras em prédios tombados pelo patrimônio histórico, sequer analisou os projetos, o que apenas começou a fazer na última semana, mesmo com as obras em andamento. Ora, apenas essa situação já demonstra a ilegalidade das obras do mercado e do Shopping Popular e deveriam implicar na sua imediata suspensão.

Os fatos acima narrados apenas reforçam a necessidade de se debater melhor a questão envolvendo o mercado, para que possamos encontrar uma solução que preserve o seu prédio histórico e, ao mesmo tempo, atenda aos interesses dos trabalhadores do local.

O que não se pode admitir é que uma decisão seja imposta, sem o amplo debate com a sociedade, afrontando, ainda, disposições legais relativas à proteção do patrimônio histórico.

Espero que o COPPAM afirme sua importância e impeça que as obras continuem, da forma como propostas, ou melhor dizendo, impostas.

Artigo publicado na última quinta-feira (19/06), na versão impressa da Folha.

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