Mercado: é agora ou nunca!
José Paes 06/06/2014 16:14

Nos últimos dias, tenho acompanhado pela imprensa e, sobretudo, pelas redes sociais, inúmeras discussões sobre as obras do entorno do Mercado municipal, que culminarão com a sua aparente reforma e revitalização e com a construção de um novo Shopping popular.

Em especial após a demolição do antigo Shopping Popular, foi consenso em todas as discussões o quão belo é o prédio do mercado, agora visível, ainda que através de tapumes, e o quão importante seria sua preservação nos moldes originais, inclusive do seu entorno.

Dentro do contexto de revitalização do centro histórico da cidade, seria de fundamental importância que a reforma do mercado municipal, além de preservar e recuperar suas características originais, devolvesse sua visibilidade, reintegrando-o ao cenário daquela região.

Infelizmente, para que isso ocorra é necessário que removam do local tanto a feira livre do mercado, como o Shopping popular, o que não está previsto nos atuais projetos para o local. E precisamos ser claros com relação a esse ponto: Ou se preserva efetivamente o mercado, retirando dali feirantes e camelôs, ou se atende aos interesses legítimos dessas classes, as mantendo no local, em detrimento da preservação do patrimônio. As duas coisas, infelizmente, naquele mesmo local, são inconciliáveis.

Mas vejam bem leitores, a revitalização do mercado municipal não implica necessariamente em prejudicar feirantes e camelôs, muito pelo contrário. O que precisamos discutir, é como preservar o mercado e, ao mesmo tempo, encontrar alternativas viáveis para essas pessoas, que tiram dali, legitimamente, o seu sustento.

Há no centro da cidade mesmo, locais extremamente próximos ao mercado municipal que poderiam ser utilizados para transferência de feirantes e camelôs, sem lhes causar qualquer prejuízo financeiro. Na verdade, existem soluções, que muito além de não prejudicarem essas pessoas, podem beneficiar amplamente os seus negócios, revitalizando os seus próprios comércios.

Falta ao meu ver, contudo, vontade política para que essas mudanças sejam feitas. É óbvio que haverá desgaste político, mas é dever de políticos sérios que questões relevantes para o desenvolvimento da cidade não deixem de ser enfrentadas, simplesmente para atender interesses políticos imediatos.

O Observatório social de Campos, do qual sou diretor geral, está analisando detalhadamente a questão, buscando informações, documentos, conversando com membros do poder público e da sociedade civil, a fim de encontrar um melhor caminho de preservação para o mercado municipal e nos próximos dias deverá tomar atitudes concretas para que isso ocorra.

De todo modo, o importante mesmo é que a sociedade como um todo promova esse debate. Temos uma oportunidade histórica de corrigir os erros cometidos no passado e não podemos perdê-la.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de ontem (05/06)

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