Não para de chover lá em baixo, muita água e agonia, tem Padre ancorado em Cruzeiro, Prefeito, no remo pra lida, sacrifício todo dia. O Doutor atende onde pode, Mãe seca fraldas na antena e a Sinhá quara anágua no telhado, êh coitados, triste cena, de verdade, é de dar pena. E pro Peão montar, do jeito que está, só se for à cavalo marinho, eita vida sofrida, úmida e em desalinho, sem plantar e nem colher, sem muito ter o que comer, pra enganar os vermes e encher o bucho, frango d'água é prato de luxo; isso que falo isso "procê", é lá pras bandas do Sul, Tché... Na nossa Santa Catarina, só "sofredura", já tem rio que virou cidade e cidade que hoje é rio, tem tristeza à vontade, sofrimentos, dores e frio, faço aqui uma petição, meu santo de devoção, empresta água prum amigo santo, pra São Paulo nosso irmão e, deixa cair com vontade, nos mande a graça desta sorte, sopra as nuvens de chuva, enxuga o Sul, um pouco apenas, mais acima, abastece ao norte. Tristeza também no Paraná; uma dureza, muita água, a mesma história, insisto na "pedição"; pra espalhar felicidade e dividir a boa sorte, dá nas nuvens um sopro forte, faz de novo, do mesmo jeito; enxuga ao sul e enxarca ao Norte. Pois São pedro, se faz assim desse jeito, e nos socorre na precisão, sopra pra bem longe, as tristes e negras nuvens, dessa tal, transposição... E no seu dia destinado, na Praia de Gargaú, lhe pago a promessa feita, sem reclame ou xororô, cumpro toda a trajetória, com fé e devoção, levando o andor pesado, nas costas o santo amado, completando a procissão. Zé Armando