Maratona de Revezamento: contribuições energéticas
Marcos Almeida 13/05/2014 15:06

Dentre as modalidades de corrida, talvez a Maratona de Revezamento seja a prova mais popular, pois distâncias com aproximadamente 5 km, 10 km e 21 Km imprimem seu charme especial não só pela paisagem, mas pela democracia que corredores mais treinados e/ou menos treinados podem escolher suas distâncias e desfrutar de todo o encanto do desafio conquistado.

Contudo, quando percursos de distâncias variadas e corredores de condicionamento físico diferentes reúnem-se para o mesmo evento, poderemos encontrar todos os tipos de ocorrências médicas: câimbras, hipoglicemias, desidratações, hipertermias, lesões músculo-esqueléticas e lesões de órgãos nobres.

Visto desta forma, parece que correr não é uma atividade saudável. Engana-se quem assim pensa, corrida é um dos esportes mais saudáveis e de fácil execução, corre-se desde os primórdios da humanidade. Como toda atividade física, é necessário avaliações médicas para definir qual será a intensidade do exercício a ser praticado, independente se corrida, natação, futebol, etc.

Quando nos preparamos para correr uma prova, é necessário o entendimento de quais serão os contribuintes energéticos que fornecerão energia durante a execução da atividade física; principalmente quando as reações metabólicas que ocorrem dentro de nosso corpo variam de acordo com a intensidade, o grau de condicionamento físico, a reserva de nutrientes energéticos estocados e o perfil metabólico individual.

Para tal, uma nova concepção desponta no horizonte dos praticantes de atividade física e atletas de elite, conhecida como Nutrologia em Medicina do Esporte e da Atividade Física. Esta nova ciência estuda profundamente a interação bioquímica que os micro e macronutrientes auxiliam na performance do atleta, tendo como ferramentas fundamentais o conhecimento da fisiologia individual e suas variáveis no metabolismo da tireoide, pâncreas, supra-renal, sistema digestório, cardio-respiratório e músculo-esquelético.

É necessário ao médico Nutrólogo familiarizar-se com a fisiologia da Atividade Física, o conhecimento do grau de condicionamento físico e do perfil metabólico de cada órgão, para poder avaliar a interação exercida sobre a digestão, absorção e eficácia de aproveitamento energéticos dos alimentos ingeridos.

Pois, não é raro, presenciarmos um ano de treinamento intenso ser desperdiçado, apenas pelo não conhecimento do metabolismo individual do atleta, como ocorre nos casos de sensibilidade insulínica aumentada, repleção inadequada de glicogênio muscular ou estratégia mal dimensionada no ritmo de corrida, que freqüentemente prejudica alguns maratonistas de elite.

Pois bem, embora as contribuições energéticas não ocorram de forma isoladamente, para podermos compreender quais são os principais contribuintes energéticos para cada atividade física, dividiremos de uma forma didática para o entendimento destas variáveis. Vamos classificar as atividades físicas em quatro grupos, como definimos no quadro a seguir:

Estes modelos de fluxo de energia (acima) permitem entender quais são as principais fontes energéticas utilizadas em intensidades e distâncias distintas de corrida, de acordo com o substrato energético recrutado.

Desta forma, sabemos que dois tipos de substrato energéticos são mais importantes, a glicose que contém na sacarose (açúcar) e nos alimentos ricos em amido (arroz, batatas, massas, pães, mandioca, etc.) e os ácidos graxos (proveniente dos triglicérides das células de gordura -adipócitos – e óleos vegetais). A questão reside no fato de que a energia estocada no nosso corpo na forma de glicose, não daria para um dia de vida; contudo a energia na forma de ácidos graxos ou triglicérides daria para mais de 30 dias de vida, como temos na tabela a seguir:

O conhecimento dos estoques de substratos energéticos, aliado à ergoespirometria (determinando o consumo máximo de oxigênio -VO2max e os limiares ventilatórios do corredor), facilita ao nutrólogo a orientação quanto ao tipo de alimento energético deve ser ingerido e, em sincronia com o treinador, determinar estratégia de ritmo de corrida e o “timing” na manipulação dos respectivos energéticos numa prova competitiva, ou simplesmente num programa de emagrecimento através da atividade física.

Dr. Milton Mizumoto Médico do Esporte e Nutrólogo ABRAN- ASSOCIÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA  

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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