Entrevista do Dr Paulo Cassiano Sobre a Detenção de Alunos com Drogas no Campus da UFSC
mabamestrado 09/04/2014 17:55
Entrevista do Blog Marco Barcelos com o Delegado de Polícia Federal, Dr. Paulo César Barcelos Cassiano Júnior, sobre a detenção de alunos com drogas no Campus da UFSC: 1- Dr. Paulo Cassiano Júnior, se trata de um fato histórico e social o consumo e a venda de drogas no seio universitário, notadamente no Campus da UFSC? R.: Lamentavelmente, o uso de drogas no ambiente universitário tem sido prática cada dia mais comum. O aumento do consumo de drogas pode ser reflexo de uma tolerância cada vez maior por parte da sociedade em relação a esse tipo de comportamento. Não é diferente no campus da UFSC. 2- Dr. Paulo Cassiano Júnior, a Polícia Federal tem encontrado cooperação da Reitoria da UFSC nas investigações dos delitos relacionados a drogas no Campus ou o Dr. acredita que a parceria poderia ser bem mais efetiva? R.:  Infelizmente, a postura da reitoria da UFSC nos episódios do último dia 25 de março foi passiva e leniente. Seria de esperar que a UFSC colaborasse com as ações investigativas e operacionais da Polícia Federal. Afinal, a UFSC e a Polícia Federal são duas instituições públicas federais com o dever de promover a democracia e respeitar a legalidade vigente. 3- Dr. Paulo Cassiano Júnior, verificamos em várias publicações jornalísticas, como por exemplo, no Correio Catarinense, que a UFSC se queixou de que a solução para o conflito poder-se-ia ter sido dada no próprio Campus. De outro lado, em percuciente entrevista, o Dr. asseverou que tais procedimentos policiais nunca poderiam ser lavrados num Campus Universitário e sim na competente Delegacia de Polícia. Como V.Sra se posiciona ante esta prepotente autonoção de “embaixadas” que apregoam as Universidades, como se fossem “Estados” imunes à lei? R.: A UFSC está desnaturando o conceito de autonomia universitária. A universidade tem liberdade para gerir seus recursos e se organizar administrativa e academicamente. Mas isso não pode ser confundido com libertinagem. O campusuniversitário não é uma representação diplomática, imune à aplicação da legislação brasileira. A reitora não é senhora feudal da UFSC. A Polícia Federal tem permissão constitucional para intervir em todo o território nacional e, neste particular, a UFSC não constitui exceção. 4- Dr. Paulo Cassiano Júnior, seria correto afirmarmos que o conceito deturpado de Liberdade e Democracia tem levado a um estado anárquico, onde elementos basilares da Sociedade, como ordem, direito, dever, sociabilidade tem sido confundidos com “liberalidade e afronta ao Estado”? Qual o seu posicionamento? R.: Considero a liberdade elemento essencial para o exercício da democracia. Entretanto, não é possível a convivência harmônica numa sociedade democrática sem respeito ao ordenamento jurídico. Liberdade sem limites redunda em desordem e opressão. 5- Dr. Paulo Cassiano Júnior, o aparato e instrumentos policiais foram danificados pelos evidentes atos de vandalismo no Campus da UFSC, embora corroborados pelo Corpo Acadêmico, em entrevistas. Quais providências a Polícia Federal no Estado está tomando para efetiva individualização dos criminosos e as devidas punições decorrentes? R.: A Polícia Federal já instaurou inquérito policial para a investigação de todos os fatos, não apenas para verificar a conduta dos alunos e professores que participaram da manifestação, mas também para apurar se houve excesso por parte das forças policiais. 6- Dr. Paulo Cassiano Júnior, para finalizar, cônscios de sua atribulada agenda, como a Direção maior da Polícia Federal no Estado (Superintendente) e o Comando desta em Brasília tem se posicionado quanto ao evento danoso ocorrido na UFSC, independente das possíveis pressões políticas?
R.: As administrações regional e central da Polícia Federal manifestaram concordância com a postura adotada por mim durante o conflito, inclusive uma nota de elogio está sendo preparada para registro em folha funcional. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) em Santa Catarina também emitiu uma nota pública de apoio à forma como os trabalhos foram conduzidos.  

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