Split Negativo, Neutro ou Positivo?
Marcos Almeida 26/03/2014 20:11

Tema interessante para corredores visando o planejamento para se atingir determinada meta na prova, seja de 5km, 10km, 21km e, principalmente os 42km. Eu mesmo já fiz um split negativo numa Maratona e na outra tentei o positivo e me dei bem mal!

Recomendo aos meus atletas, nos treinos longos, independente da distância da prova, que realizem a 2ª metade mais rápida que a primeira, ou seja, que ponham o split negativo em ação, pois quando se treina, a possibilidade do acerto aumenta consideravelmente.

No texto abaixo de autoria do conceituado treinador de Elite, Carlos Alberto Cavalheiro - tem no currículo o recorde mundial na Maratona do Ronaldo da Costa em Berlin (1988) - o Professor explica e detalha muito bem o tema. Boa leitura e conhecimento.

Se dividirmos a maratona (42.195m) em duas meias maratonas, podemos correr a prova de três maneiras distintas e obter o mesmo resultado ou resultados diferentes, dependendo da capacidade de suportar o stress e do treinamento utilizado.

Se executarmos a primeira metade da maratona mais rápida do que a segunda metade, chamamos isso de “split positivo”, ou ritmo positivo.

Se executarmos a segunda metade da maratona mais rápida do que a primeira, chamamos de “split negativo”, ou ritmo negativo.

Já se corrermos as duas meias maratonas no mesmo tempo, teremos um “split neutro”, ou ritmo neutro.

Tabela de splits. Arquivo pessoal.Tabela de splits. Arquivo pessoal.

O ritmo positivo normalmente é realizado por atletas iniciantes, que realizam um ritmo muito forte no início da prova e consequentemente tem uma diminuição significante na outra metade. É um erro comum, porque o corredor se sente descansado e forte no início, sendo realmente tentador correr mais rápido do que o ritmo desejado.

O ritmo neutro foi aceito durante muitas décadas, inclusive até hoje por alguns atletas, como a forma correta de se correr uma maratona. É necessário desenvolver a capacidade e potência aeróbica, porque quando os 32 quilômetros são atingidos, a dificuldade de manter o ritmo aumenta.

Entretanto, é necessário muita disciplina e treinamento para alcançar esta técnica. Na hora de fazer o plano de corrida para a sua próxima maratona, pense que a meta de correr em ritmo negativo é muito difícil de alcançar. Por exemplo: durante a maratona de Londres, em 2013, apenas 1.151 atletas realizaram o ritmo negativo, sendo que 23.776 correram abaixo de 03h05min. Ou seja, apenas um atleta em 20 conseguiu correr deste modo.

Dificilmente você poderá realizar esta técnica em sua primeira maratona, então procure realizar o ritmo negativo em distâncias mais curtas, como nos 10 quilômetros ou meia maratona, para depois tentar utilizar esta técnica na maratona.

O atleta Ronaldo da Costa foi o primeiro a realizar o ritmo negativo correndo em Berlim (1998), recorde Mundial em 02h06min05, com o seguinte ritmo:

Ritmo de Ronaldo da Costa. Arquivo pessoal.Ritmo de Ronaldo da Costa. Arquivo pessoal.

Carlos A. Cavalheiro (Arquivo)

Consultor de alta performance do Webrun, Cavalheiro é PhD em Fisiologia do Esporte (EUA), Mestre em Educação Física na Área de Biomecânica do Esporte (UFRJ), Especialista em Atletismo (UERJ), Licenciado em Educação Física (UERJ) e Treinador Chefe da IAAF Nivel V, obtido na Inglaterra. Participou dos Jogos Olímpicos de 1988 (Coréia), 1992 (Espanha), 1996 (Atlanta), 2004 (Atenas) como treinador da equipe brasileira, dos Jogos Olímpicos de 2000 (Sydney) como treinador da equipe do Uruguai e dos Jogos Olímpicos de 2012 (Londres) como treinador do Equador. Obteve várias medalhas em Campeonatos Mundiais, Jogos Pan-Americanos e Campeonatos Sul Americanos de Atletismo. Foi responsável pelo treinamento de Ronaldo da Costa (recorde mundial da maratona) e velocistas como Geisa Aparecida Muniz Coutinho, Rosangela dos Santos e Robson Caetano (recorde mundial dos 300m e medalha de bronze Olímpica nos 200m e 4x100).

Fonte: Webrun

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    Marcos Almeida

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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