Situação Caótica na Cidade Maravilhosa
mabamestrado 22/03/2014 17:34
RIO — Os serviços de inteligência têm a informação de que os recentes ataques em áreas pacificadas foram ordenados pelo chefe da maior facção do Rio, o traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que está num presídio federal fora do Rio. A ordem teria sido passada aos traficantes José Benemário de Araújo, o maior articulador solto dessa quadrilha, para Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira; Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu; Bruno Eduardo da Silva Procópio, o Piná; Adauto Nascimento Gonçalves, o Pit Bull; e Luciano Martiniano da Silva, o Pezão. Todos são procurados pela polícia. Na madrugada desta sexta-feira, depois de uma reunião de emergência com o governador Sérgio Carbal e a cúpula da polícia, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, confirmou que a ordem para os ataques partiu de traficantes presos. Segundo Beltrame, o sistema penal e prisional deve ser repensado. Ele disse ainda que o aumento no uso de crack, a falta de controle das fronteiras, a maioridade penal e o uso de armas de fogo militares por civis contribuem para elevar a violência. — Se não discutirmos isso tudo de forma ampla, vamos passar a vida inteira resolvendo crises e não resolvendo o problema de segurança pública. Isso é um problema que atinge todos os estados, não é só do Rio de Janeiro — disse o secretário. As ordens de Marcinho, segundo a inteligência, foram repassadas a traficantes que comandam a venda de drogas em favelas. A facção estaria insatisfeita com a expansão das UPPs, o que lhe tirou importantes territórios como o Complexo do Alemão e a Favela do Jacarezinho. A gota d’água teria sido apacificação da Vila Kennedy, um dos últimos redutos da facção na Zona Oeste. A quadrilha estaria inconformada ainda com o fato de as favelas dominadas por facções rivais não terem sido pacificadas. Os detalhes dos ataques de quinta-feira teriam sido discutidos em reuniões nas favelas de Antares, em Santa Cruz, e Chapadão, na Pavuna — os dois últimos grandes redutos ainda não pacificados dessa facção. Na semana passada, um ofício da Subsecretaria Militar, da Secretaria estadual da Casa Civil, já alertava para uma informação obtida pelos serviços de inteligência sobre ataques simultâneos planejados por uma facção. O texto recomendava reforçar o policiamento na sede do governo. Relato velho traz medo às redes O vazamento de um informe sigiloso que os serviços de inteligência deveriam ter divulgado apenas para policiais se espalhou como rastilho nesta sexta-feira nas redes sociais, provocando medo. O alerta sobre possíveis ataques, assinado pelo serviço de inteligência da Marinha, foi parar no Facebook e no WhatsApp. As informações, do dia 12 de março, começaram a circular entre os policiais no momento em que as forças de segurança entravam na Vila Kennedy para a implantação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). No texto, estava a informação de que a maior facção criminosa do Rio promoveria ataques simultâneos a UPPs, monumentos históricos, pontos turísticos, teleféricos, cabines de polícia e postos de gasolina. O relatório informava ainda que a ordem, que teria partido de bandidos presos, era para promover uma onda de ataques, incluindo arrastões em vias expressas. Nesta sexta-feira, após os ataques da noite de quinta-feira, o texto começou a circular na internet, provocando uma onda de boatos. Foram divulgadas informações, sem procedência ou autoria, sobre arrastões na Tijuca, fechamento do comércio e ônibus queimados em favelas. Nenhuma das “previsões” se tornou realidade.

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    Marco Barcelos

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