Fuçando aqui e acolá, lendo e escrevendo, reencontro esta maravilha que sendo universal é atemporal. Dias confusos de uma sociedade cansada, de matanças reais e imaginárias, de muito calar. De indignações sérias, de marchas surradas ensaiadas, de tramas a inventar.
"[...]
Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
[...]"
EDUARDO ALVES DA COSTA
Niterói, RJ, 1936