É para liberdade que Cristo nos libertou
José Paes 10/03/2014 12:37

Passado o carnaval, a Igreja Católica dá início a Campanha da Fraternidade 2014, com o tema “Fraternidade e tráfico humano”. O seu lema será: É para a liberdade que Cristo nos libertou.

Mais de 200 anos após o 13 de Maio, que extinguiu a escravidão no Brasil, milhões de pessoas continuam sendo tratadas como mercadorias, passíveis de serem vendidas, compradas, exploradas e manipuladas, das mais variadas maneiras possíveis.

As vítimas do tráfico humano são retiradas de seu ambiente e têm sua liberdade retirada, sendo usadas para os mais variados trabalhos, inclusive sexual. No Brasil, mais de 25 mil pessoas prestam serviços, presas em fazendas, garimpos, carvoarias, confecções e prostíbulos . No âmbito internacional, dos 2,5 milhões de pessoas traficadas, 43% são para exploração sexual, 32% para exploração econômica e 25% para as duas finalidades ao mesmo tempo.

Nesse sentido, importantíssimo o trabalho da Igreja Católica, a fim de trazer ao debate da sociedade esse tema, buscando conscientizar as pessoas sobre a necessidade de se combater essa mazela que tanto nos afeta.

Trazendo esse debate para nossa cidade, importante fazer algumas considerações. Campos constantemente figura entre as cidades com o maior número de trabalhadores vivendo em situações análogas a escravidão, sobretudo no meio rural. Inconcebível que isso aconteça num dos municípios mais ricos do País. Precisamos de uma maior fiscalização do poder público, bem como de políticas públicas que garantam a dignidade dos cidadãos. Mas, sobretudo, precisamos despertar na sociedade valores que se encontram renegados, como fraternidade e solidariedade.

Precisamos, ainda, combater práticas que aparentam serem menos nocivas, mas que causam problemas tão graves como a escravidão e o tráfico de pessoas. A contratação de servidores públicos sem concurso público, seja através de contratos temporários, seja através de cargos comissionados claramente ilegais, “escraviza” milhares de trabalhadores, que diante da inadiável necessidade de se sustentarem, e a suas famílias, se sujeitam a relações baseadas na insegurança jurídica, na bajulação, na submissão, com direitos trabalhistas violados, isso sem falar na liberdade de expressão, que lhes é tolhida por políticos que trocam empregos por votos e silêncio.

Por todo o exposto, importante que se divulgue e que se faça parte da Campanha da Fraternidade 2014, independentemente de credos ou crenças. O combate ao tráfico de pessoas e a escravidão é algo muito maior e mais importante, merecendo o apoio de todos.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de 06.03

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