Sônia Pereira: ?Não fui instrumento para ?golpe aberto??
24/02/2014 08:02

Folha da Manhã — A senhora foi eleita em 2012 por um grupo conciso, unido. Tinha na ocasião a então prefeita Carla Machado (hoje no PT) nos palanques pedindo voto para o atual prefeito José Amaro Martins de Souza Neco (PMDB). De lá para cá foram dois anos na vice-presidência da Câmara? Como foi sua atuação na Casa?

Soninha Pereira — Antes mesmo de assumir a vice-presidência, eu tinha o objetivo de legislar, de fazer indicações em prol de toda a população. Tenho a certeza de estar honrando cada um dos meus 989 votos. Foram várias indicações, visando sempre o bem estar da população. Indiquei reformas, construção de creches, incentivos e benefícios à classe pesqueira entre tantos outros projetos.

Folha — No episódio da sessão da última quarta-feira, quando foi eleita por unanimidade na Câmara, com dez meses de antecedência, a nova mesa diretora, a senhora não conseguiu ficar com a vice-presidência? O que aconteceu para sua saída?

Soninha — Foi uma escolha política, realmente não fui consultada previamente sobre a antecipação. Existia um combinado anterior, eu sabia que iria sair da mesa diretora depois deste primeiro biênio. Fui informada da realização da eleição e que o presidente Aluízio, que vem desempenho um bom trabalho à frente da Casa, tinha o objetivo de continuar na presidência. Quanto à composição da mesa, fui informada de última hora, pouco antes da sessão, só eles poderiam informar os motivos dos escolhidos.

Folha — Por outro lado, a senhora acabou votando pela nova composição. Foi medo de se sentir excluída?

Soninha — Não há medo de exclusão. A marca desta Legislatura, até o momento, tem sido o espaço aberto a todos os vereadores. O próprio prefeito Neco, na primeira sessão ordinária deste ano, falou sobre o espaço para todos. Não há uma oposição sistemática, que vote contra tudo apenas por ser oposição. Existe um bom diálogo, e acredito que continuará assim após a posse dos novos membros da mesa, que acontece no próximo ano.

Folha — Na sessão de terça-feira, após o recesso, o prefeito Neco esteve na Casa e disse que as portas do Executivo estavam abertas para “todos os vereadores”, isso muda alguma coisa na Casa em relação a oposição e a situação?

Soninha — A relação situação e oposição na Câmara, nesta Legislatura, sempre foi muito tranquila. O Executivo sempre ouviu todos os partidos, aceitando a representatividade de cada um dos nove vereadores eleitos pelo povo. A grande prova dessa relação amistosa foi a visita a Brasília, quando o prefeito convidou todos os vereadores, para que cada um pudesse buscar, junto aos representantes de seus partidos no Congresso, benefícios para os sanjoanenses.

Folha — Quanto a equação Neco, mais Aluízio Siqueira, igual a Carla Machado, menos Soninha? Foi mesmo o primeiro golpe aberto do prefeito Neco contra a ex-prefeita?

Soninha — Tenho uma relação de respeito e companheirismo com o prefeito. Caminhamos juntos no último pleito e assim estamos até hoje. O rompimento político dele com Carla, que foi nossa companheira de caminhada e agora está no mesmo partido que eu, não interferiu no meu relacionamento político com o Neco. Acredito também que ele deve entender o meu posicionamento junto a uma companheira de partido. Sinceramente, não acredito que eu tenha sido usada como instrumento para “golpe aberto” de Neco contra Carla.

Folha — A senhora seguiu o voto dos colegas. Pediu orientação, por questão partidária, à ex-prefeita Carla, ou seguiu seu coração?

Soninha — Como eu respondi anteriormente, só soube da nova composição da mesa diretora minutos antes da eleição. Mesmo se eu quisesse ouvir a ex-prefeita Carla Machado, eu não teria tempo para isso. Carla faz questão de se manter afastada deste tipo de situação, apenas torce por uma São João da Barra melhor. Além disso, sempre votei com a bancada governista, mesmo se eu votasse de forma contrária, não teria nenhum resultado efetivo, sou a única representante do meu partido.

Folha — Hoje o PTem São João da Barra tem a ex-prefeita Carla no partido. Nas eleições de outubro, serão caminhos opostos, principalmente, na campanha para o governo do Estado, já que o prefeito Neco deverá seguir o PMDB. Como fica a Soninha Bonita?

Soninha — Além de vereadora eleita na legenda, sou presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores. O senador Lindberg Farias é pré-candidato ao governo do Estado pelo PT. Se sua candidatura se confirmar, como acredito que aconteça, eu o apoiarei. É uma questão de fidelidade partidária, assim como todos os colegas vereadores devem estar costurando alianças com os seus partidos para a próxima eleição. O mesmo acontece com Carla Machado, pré-candidata à deputada estadual. Carla é uma liderança regional inquestionável. Caminhamos juntas quando fui eleita vereadora. Retribuirei esse apoio na campanha para uma cadeira na Alerj. Isso não me impede, porém, de continuar um trabalho em conjunto na Câmara Municipal, buscando o melhor para o povo de São João da Barra.

Dora Paula Paes
Foto: divulgação

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