O caos do transporte
José Paes 17/02/2014 17:15

Hoje falarei sobre dois problemas que, em minha visão, são os principais responsáveis pelo caos no transporte público do Município: A defasagem das tarifas e o entrave para realização da licitação para nova concessão das linhas.

Primeiramente, é importante reconhecer a importância do ônibus a um real e os benefícios que esse programa social traz para a população, sobretudo para integração das localidades mais distantes do Município.

Mas algumas distorções do projeto me preocupam. Para o cidadão menos atento, pode parecer que a tarifa do ônibus em Campos custa R$ 1,00. Na realidade, contudo, a tarifa custa R$ 1,60. Ou seja, o cidadão beneficiado pelo programa paga R$ 1,00 e o Município subsidia o restante, ficando responsável pelo pagamento às empresas que prestam o serviço.

Essa tarifa, todavia, é a mesma desde 2008, não sendo reajustada faz mais de 6 anos. Nesse período, houve consideráveis aumentos nos custos do serviço, que tiveram que ser absorvidos unicamente pelos empresários. Sem aumento das tarifas, o empresário não investe na frota e tem dificuldades para cumprir com as suas obrigações trabalhistas. O resultado é que o vemos pelas ruas: Empresas tradicionais falidas, usuários sofrendo com as verdadeiras latas velhas utilizadas e os constantes atrasos e falta de ônibus nos itinerários. Por sua vez, os trabalhadores do setor vivem em constante agonia, diante do constante atraso e defasagem dos salários.

Alguns dirão que esse problema poderia ser resolvido com a nova licitação divulgada pelo Município. Outros dirão que a culpa pela sua não realização é culpa dos empresários, que se utilizam de manobras jurídicas para impedir que a licitação seja realizada. Discordo. A culpa pela não realização da licitação é do Município, que mesmo tendo contratado uma empresa especializada, preparou um edital completamente viciado, cujas inconsistências foram apontadas pela justiça e pelo Tribunal de Contas. Já houve tempo hábil, inclusive, para que os problemas fossem sanados. Por que não o foram?

Não estou aqui querendo eximir os empresários pelos problemas do transporte coletivo, mas é necessário reconhecer a grande parcela de culpa da Prefeitura pelo caos no transporte. Não se pode fazer justiça social com o bolso alheio. Não se pode culpar a justiça pela incompetência administrativa. É hora de reconhecer os erros e resolvê-los.

Artigo publicado na versão impressa da Folha do dia 13.02

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS