Pé ante pé ele se movia entre as moitas de Piripirí¹, pescocinho espichado vigiando o movimento na superfície da água, aprendeu espreitando as garças este movimento. Os braços meio esticados, meio encolhidos e na corrida da tainhota, no risco que ela fazia na água o Tião Cachimbo calculava e mandava a tarrafa, naquele baixio da Zabita², a fundura mal cobria os corpinhos alongados das olho de fogo³ e, era só peixada embaixo da tarrafona de 30 palmos, ferramenta que na mão do velho pescador, parecia em brinquedo, pra ele o chumbo era que nem algodão e do jeito que ele lançava, a tarrafa caia no Rio Paraíba no formato de um prato, redonda e abertinha de esticar olho, da tarrafa é claro; por que os meus estavam escancarados, esbugalhados de admiração com o feito; o pequenino aprendiz era eu, que estava ali. Admiro o Tião Cachimbo, o Maneco Lino, o Geraldo Chaô e de uns outros bons e velhos pescadores de Gargaú com quem aprendi a pescar; por conta deles, fome é coisa que nunca vai me apertar. Eita sô, chegaram as lágrimas, sumiu tudo na minha frente; pera ai ........................[caption id="attachment_4740" align="alignright" width="300" caption="Mestre Pescador Tião Cachimbo "][/caption] Pois é, São Pedro Pescador reforçou a companheirada, levou o Tião, pra pescar as nossas boas lembranças, que riscam as nuvens, feito as tainhotas olho de fogo riscando a superfície da água. Tô com pressa não Tião, vai cuidando das danadas dai do céu, que na minha hora a gente pesca juntos de novo, eu sento a tarrafa nelas, e é certo de não errar, aprendi com um Mestre..... Piripirí¹. Vegetação típica em áreas de estuários(Gargauês) Zabita². Mangue na Foz do Rio Paraíba do Sul (Gargauês) Olho de Fogo³. Espécime de Tainha de pequeno porte(Gargauês)

Zé Armando Barreto