Depoimento de um (grande) atleta lesionado
Marcos Almeida 25/01/2014 07:30

Este depoimento é para mostrar o quanto sofremos com a parada abrupta no nosso esporte preferido, seja ele qual for, ocasionado pela danada da lesão. Perdemos um pouco (ou muito) as cores da vida. Vale a leitura. Bons treinos!

Lesão tira nosso atleta Alexandre Manzan do desafio El Cruce. Confira o relato do atleta:

"Edema da medular óssea subcondral adjacente, sugerindo sacroileite! Achou complicado? Complicado para mim é ter paciência para esperar os três meses sem correr... Esse foi o prazo que meu médico me deu sem pisar nas trilhas. O Dr. Montenegro já me conhece há algum tempo, tendo já me operado um ombro, uma mão (corri o Xterra da Amazônia, em 2010, com a mão ainda com os pontos), cuidado de um esporão de calcâneo e agora de meu quadril. Contudo, desta vez, conforme determinado pelo médico! não posso ser rebelde em minha recuperação ou corro o risco de não ter a lesão curada tão cedo! Puxa! Paciência. Tudo o que nunca tive! Estava no quilômetro 15 dos 20 que planejei correr na areia em uma bela tarde baiana, quando senti uma pequena fisgada no glúteo direito. Pensando no Cruce de los Andes, prova para a qual treinava, não imaginava a gravidade daquele fisgada. Após três dias da longa, fui correr novamente, ocasião em que não passei do quilômetro 3, com o lado direito do quadril latejando de dor. Ok, vamos ao Dr. Montenegro! Com os resultados dos exames em mãos, ele me parabenizou: você teve sorte. A cabeça do fêmur parece a de um bebê, mas a articulação sacroilíaca exige cuidados. Tive um edema ósseo na região dessa articulação, algo bem raro para uma pessoa com meu peso (65kg). Pelo que entendi estudando casos parecidos, a corrida em terrenos irregulares gera uma oscilação constante do quadril, recebendo, durante alguns saltos e passadas mais largas, grandes impactos e torções, sobrecarregando as articulações desta região. Tentando me conformar com o período "de molho", fiz uma reflexão de meus treinos e hábitos a fim de identificar "onde havia errado"! Lembrei-me do excesso de treinos na areia, da escolha constante por terrenos mais íngremes e difíceis, de uma possível fragilidade muscular na região de meu core, das várias modalidades praticadas paralelamente à corrida, do stress rotineiro, e inclusive de minha idade (39) e do tempo praticando esporte em alto nível. Desisti de pontuar um "culpado" e concluí que devo parar! Parar de insistir quando o corpo pede um descanso, parar de querer mais quando já se tem um bocado, parar de pensar que estou velho, over! Por fim, concluí que devo continuar em minha trilha, assim que meu quadril parar de reclamar!

"Bom senso e canja de galinha não fazem mal a ninguém!" Com orgulhoso de fazer parte da Kailash Team Neptunia, aproveito a oportunidade para agradecer o apoio e compreensão recebidos pela equipe. Além de um tempo fora das pistas, não poderei correr o Cruce de Los Andes em dupla com o Chico Santos, fato que me deixou bastante chateado. Desejo a todos os amigos da equipe uma excelente prova e boas risadas na Patagônia, local a que tenho muito apreço! Grande abraço a todos e até breve!" Alexandre Manzan

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    Sobre o autor

    Marcos Almeida

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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