Em Itaocara, governo no PSOL passa por situação caótica
Alexandre Bastos 13/01/2014 00:31

Alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, o prefeito de uma pequena cidade pega o próprio carro, um Fusca montado com caixas de som, e passa a convocar a população aos brados para protestar na Câmara Municipal, controlada pela oposição. Poderia ser Sucupira, a cidade fictícia de Odorico Paraguaçu em O Bem Amado, mas a cena ocorreu em meados de dezembro em Itaocara, no Noroeste Fluminense. “Se quiser me matar pode matar. Nós acabamos com a corrupção, por isso estão com raiva”, diz, em um trecho de sua pregação, registrada em vídeo e publicada no Youtube (aqui), o prefeito Gelsimar Gonzaga, primeiro governante eleito pelo PSOL no país. O município de 23.000 habitantes imediatamente tornou-se vitrine para o partido. Ex-sindicalista, Gelsimar assumiu com medidas populistas de alto poder de repercussão, como a redução do próprio salário e a escolha de secretários em “assembleias populares”, por aclamação. O resultado destas e outras experiências de teorias do PSOL, em confronto com as necessidades da população e a realidade das pequenas cidades, é um caos administrativo e político que paralisa o poder público e penaliza a população.

O caos em Itaocara mobilizou a cúpula do PSOL no Rio de Janeiro. No fim do ano passado, o partido pôs na rua uma operação que se assemelha às velhas práticas da política. Com Gelsimar encurralado na Câmara Municipal – dos onze vereadores, dez são de oposição – foi necessário recorrer a um aliado para tentar evitar que a vitrine socialista se transforme em vexame nacional. O processo foi liderado pelo deputado estadual Marcelo Freixo, alçado ao status de maior liderança do PSOL no Estado desde a conquista do segundo lugar na eleição contra Eduardo Paes. Ao perceber que uma Câmara dominada pelo PR estava articulando o impeachment do aliado, Freixo buscou ninguém menos que Anthony Garotinho para tentar uma composição. O ex-governador é abertamente criticado por Freixo e pelo PSOL.

Com alguns telefonemas, Garotinho articulou um encontro entre Freixo e o vereador Robertinho, presidente da Câmara de Itaocara. A conversa nas últimas semanas de 2013, também presenciada pelo deputado federal Paulo Feijó (PR), o deputado estadual Paulo Ramos (PSOL) e dois vereadores, traçou um cenário de paz para este ano. Não será tão simples: Robertinho diz que não dará trégua e chama Gelsimar de “louco”. Ele acusa o prefeito de beneficiar apadrinhados com pagamento de horas extras e de ter contratado um ônibus por 7.000 reais para levar estudantes a um congresso do PSOL em Goiânia.
Veja mais aqui 
Fonte: Veja 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Alexandre Bastos

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS