Coronel musicado
29/12/2013 14:12

O escritor campista José Cândido de Carvalho completaria 100 anos no dia 5 de agosto de 2014. E para homenageá-lo em grande estilo, o diretor teatral Antonio Roberto Kapi se prepara para apresentar ao público um espetáculo musical reunindo artistas reconhecidos nacionalmente e atores locais, valorizando linguajar utilizado pelo escritor em sua maior obra: “O Coronel e o Lobisomem”.

Em entrevista concedida à Folha no último dia 19, Kapi explicou que pretende estrear esta adaptação musical em 1º de agosto do ano que vem e apresentá-la até o dia 5 do mesmo mês (centenário de José Cândido de Carvalho), no Centro de Convenções da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf). Em seguida, quer levá-la ao Teatro Joao Caetano ou Carlos Gomes, localizados na praça Tiradentes, no centro do Rio.

Para o diretor teatral, o aspecto mais importante desta obra é o linguajar que José Cândido de Carvalho elabora a partir da realidade da Baixada Campista. Por isso, Kapi destacou que a adaptação teatral não vai fugir dessa essência. “O linguajar é tão importante que foi o green card de José Cândido de Carvalho para se tornar membro da Academia Brasileira de Letras”, destacou, acrescentando que a montagem fará um misto de duas correntes estéticas do teatro: a farsa e o expressionismo alemão, para dar conta dos elementos do realismo fantástico que marca a obra do escritor campista.

Por causa desta valorização do linguajar, o diretor teatral disse que o musical será composto por canções criadas a partir de trechos do próprio livro, destacando o trabalho a ser desenvolvido por Faíco Araújo e Caique Botkay.

Dos nomes citados por Kapi para a encenação estão Thiago Lacerda para dar vida ao coronel Ponciano, Maria Eduarda Carvalho no papel de Esmeraldina, Tonico Pereira que poderá ser Simeão e Zezé Motta interpretando Esmeraldina.

“Mantemos contato com esses atores por meio de uma produtora do Rio e estamos na fase de estudo, observando a possibilidade de participação dos atores no projeto. Além da parceria com a Folha, por meio da Academia Campista de Letras (também parceira), buscamos parceria também com a Academia Brasileira de Letras”, disse Kapi. Ele também pensaem João Vicente Alvarenga para interpretar Matuto e Fabrício Simões para interpretar os personagens Antão Pereira, Ururau e Vermelhinho Pé de Pilão.

Sobre a escolha do Centro de Convenções para a estreia, Kapi ressaltou que o espaço é grande e que durante o período de apresentação, a Uenf não terá aulas em função das férias e, portanto, estará sem atividades. Além disso, Kapi já desenvolveu diversos projetos na instituição, criando vínculos com os profissionais da Uenf.

O livro “O Coronel e o Lobisomem” reúne 120 personagens. Para dar conta da adaptação, Kapi disse que deve envolver cinquenta atores, além dos músicos da ONG Orquestrando a Vida (tendo o maestro Jony William, presidente da ONG, na direção musical do espetáculo).

O projeto tem a direção de Kapi e o professor e também articulista da Folha, PC Moura, é o responsável pela adaptação. Kapi destacou que conhece PC há muitos anos, quando o professor ainda estudava no Liceu de Humanidades de Campos e foi um dos atores da peça Profanus, a primeira que Kapi dirigiu.

Enredo – O romance narrado em primeira pessoa conta a história de Ponciano de Azevedo Furtado, neto de Simeão, oficial superior da Guarda Nacional, espécie de herói picaresco dos Campos dos Goytacazes. Espécie de cavaleiro andante das causas perdidas, solteirão rico, é cobiçado pelas mães ansiosas pelo casamento de suas filhas.

Apesar de fraco no entendimento de coisas econômicas e administrativas (especulação do açúcar) é um forte na arte de desencantar assombrações e cair na artimanha de mulheres casadas. “O Coronel e o Lobisomem” funde o realismo fantástico (inspirado na literatura de cordel e na fábula) e o retrato dos resíduos da sociedade patriarcal brasileira, da coragem atrelada, simultaneamente, a superstições e atavismos de toda a natureza.

Talita Barros

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