Cultura: desafios de sempre
22/12/2013 15:12

"O que se faz com R$ 176 mil?” Esta foi a pergunta, em tom de ironia, lançada pelo diretor teatral Antonio Roberto Kapi ao comentar a aprovação deste valor para o Fundo Municipal de Cultura na última sessão da Câmara de Campos realizada na quarta-feira (18). O orçamento de 2014 para o município é de R$ 2,5 bilhões. Para o jornalista Vitor Menezes e o pesquisador Aristides Soffiati, o valor também é considerado pequeno. Já o presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Orávio de Campos Soares, não comentou o valor, destacando a aprovação do Sistema Municipal de Cultura.

Para Kapi, o valor não é nenhuma novidade, haja vista a existência do que denominou de “Câmara situacionista”, em que a maioria dos vereadores é alinhada ideologicamente ao governo da prefeita Rosinha.

“Eu não esperava outra coisa. Quando o Fundo não foi contemplado na primeira proposta da Câmara já foi estranho. Em uma atitude pequena aprovaram essa verba. Lamentável é saber que a prefeita teve o início de sua trajetória nos palcos. Deveria ser sensível às questões culturais. O teatro foi o meio para sua ascensão política”, disse.

Por sua vez, Soffiati destacou que o valor a ser investido na cultura deveria ser muito maior. “Minha proposta continua a mesma: 1% do orçamento geral para 2014. A cultura precisa de muito dinheiro para montar uma estrutura que possa promovê-la e protegê-la. Se pensarmos nas vertentes patrimonial e de promoção cultural, esta verba não consegue sequer atender à manutenção do que existe”, disse o pesquisador, acrescentando que prevê o fechamento do Museu e do Arquivo e as dificuldades que deverão ser enfrentadas pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e pelo Teatro Trianon .

“Mas os shows devem continuar, pois a prefeita aprovou com facilidade na Câmara Municipal a autonomia para usar 50% do orçamento de acordo com seus interesses. Neste caso, os espetáculos populistas não devem parar”.

O jornalista Vitor Menezes chamou a atenção para o fato de que o baixo valor investido no Fundo mostra o caráter pouco democrático para o exercício de uma eficaz política cultural. “Por mais que a Prefeitura possa argumentar que há outras fontes de recursos para a Cultura, como o que pode vir da própria Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, com R$ 326 milhões, ou da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, com R$ 12,5 milhões, a pequena dotação para o Fundo ainda revela uma cultura de concentração de recursos nas mãos do gestor, sem que se tenha possibilidade muito significativa de participação democrática da sociedade”, opinou.

Orávio evitou falar sobre o valor aprovado para todo o ano de 2014 e lançou luz à aprovação, pela Câmara, do Sistema Municipal de Cultura, uma das exigências às prefeituras que aderiram ao Sistema Nacional de Cultura, situado num plano de promoção das culturas em três eixos: A Cultura Simbólica, A Cultura Cidadã e a Cultura Econômica.

Talita Barros

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS