Incapaz no campo, Flu quer subir no Tapetão
Christiano 16/12/2013 16:23

É límpido e notório que os quatro clubes rebaixados em campo no Campeonato Brasileiro foram Náutico, Ponte Preta, Vasco e Fluminense. Da forma mais absolutamente justa possível, em um campeonato de pontos corridos, que consagra competência e incompetência.

No caso de Vasco e Fluminense, grande incompetência, dada a disparidade orçamentária entre eles, grandes, e times médios que permaneceram na 1ª Divisão. O tricolor carioca tem agravantes ainda maiores, por ter hoje um elenco melhor do que os vascaínos e por deter o título de campeão brasileiro, sendo o primeiro vencedor rebaixado no ano seguinte.

É límpido e notório também que a Portuguesa errou grosseiramente ao escalar, de forma irregular, para um jogo que nada valia, na última rodada, um jogador suspenso pelo tribunal dois dias antes. Diz a regra que o clube perde três pontos por punição ao erro, mais o ponto do empate com o Grêmio.

Daria uma perda total de quatro pontos para a Portuguesa, o que a colocaria atrás do Fluminense e a rebaixaria no lugar dele. Há também o caso do Flamengo, que poderia ter escalado irregularmente André Santos no último jogo, mas aí a questão é mais complexa, porque envolve a Copa do Brasil, e de toda maneira não interferiria em nada relevante.

A minha opinião sobre o caso é a mesma já exposta aqui, aqui e aqui, em situações que envolveram o Goytacaz, que neste ano perdeu a vaga no triangular decisivo da 2ª Divisão por um erro idêntico ao da Portuguesa. Sou totalmente contra os resultados em campo serem mudados pelos tribunais esportivos. Sempre tem que prevalecer a disputa esportiva, dentro das quatro linhas.

A aplicação reta da lei não se pode sobrepor à justiça dela. E o justo é a Portuguesa ficar e o Fluminense cair. Há possíveis soluções salomônicas, que não deixam de punir a Lusa por seu erro. Uma delas é a Portuguesa perder quatro pontos sim, mas para o Brasileiro de 2014, começando com menos quatro pontos na classificação. Não sei se carece de respaldo legal.

Talvez o caso não tivesse tanta repercussão se o beneficiado com a punição não fosse um clube grande, em especial o Fluminense, já duas vezes beneficiado por decisões de erros de outros clubes, evitando a disputa da 2ª Divisão em 1997, por infrações cometidas por Corinthians e Atlético/PR/, e em 2000, por uma briga na justiça iniciada pelo Botafogo no caso Sandro Hiroshi, no qual o alvinegro conquistou na justiça três pontos de uma derrota de 6x1 para o São Paulo e evitou o rebaixamento.

Por estas "vitórias" e várias outras, como os dois pontos de um empate em um jogo contra o Botafogo nas Laranjeiras em 1991, que foram decisivos para a classificação para as semifinais do Brasileirão daquele ano, o Fluminense é conhecido como o "rei do tapetão", angariando a antipatia de muitos.

A diretoria do Fluminense, que levou o clube ao rebaixamento, deveria ponderar se uma possível vitória não seria de Pirro, manchando a instituição. De que adiante ficar na 1ª Divisão marcado? Não é muito mais digno subir em campo? O clube já caiu. Isto não muda. Ficar seria subir, de novo, no tapetão. A própria torcida tricolor está dividida.

Os torcedores dos clubes rivais locais estão a favor da Portuguesa. Os de clubes que já foram rebaixados e cumpriram o retorno em campo também, em especial os de Atlético/MG/ e Corinthians, vices para o Fluminense em Brasileiros recentes. Há um certo sentimento de revolta no ar, em especial em um país católico, que privilegia os menos favorecidos, na famosa cultura do "tadinho".

Hoje sai a decisão do STJD, para a qual cabe recurso. Que ela seja justa. Que a Portuguesa seja punida, mas fique. Que o Fluminense vá para a Série B. Que seja criada uma jurisprudência para casos como este não interferirem mais em resultados disputados em campo. E que medidas simples, como enviar para o quarto árbitro a lista de jogadores proibidos de entrar em campo por suspensão, sejam criadas.

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    Christiano Abreu Barbosa

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