Que alguma coisa está fora da ordem na educação pública no Brasil não é novidade. Mas quando se vê o resultado do Enem é flagrante o abismo que separa as escolas privadas das públicas. Na lista das cem melhores escolas do Rio -- encabeçada pelo tradicional São Bento, que agora vai receber meninas -- há apenas seis colégios federais e, acredite, nenhum estadual ou municipal. O ranking ajuda também a compreender o abismo socioeconômico que separa os estudantes e, no futuro, os profissionais. As escolas privadas continuam cumprindo seu papel, até mesmo de formar os dirigentes, a elite do país, enquanto que as públicas mantêm seus alunos na rabeira da estratificação social.
O resultado do Enem é a prova dos nove que comprova que desigualdade social não se reduz da noite para o dia e nem só com programas sociais. Uma educação de qualidade e a capacitação profissional são requisitos cada vez mais importantes para se diminuir o fosso entre a cúpula e a base da pirâmide social. Programa social sozinho não faz verão.
Os governos bradam que investem em educação, mas o resultado do Enem mostra que não é bem assim. Para que metas, se na hora H não se vê nenhuma escola estadual ou municipal entre os melhores colégios do Rio? Com a palavra os pedagogos do poder público. Os demagogos já não têm mesmo a menor credibilidade.
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Campos — Em Campos, tirando o Instituto Federal Fluminense (IFF), que aparece em uma boa colocação no ranking do Enem (aqui), é possível constatar a grande diferença entre escolas públicas e privadas. Enquanto a melhor colocada entre as privadas (João XVIII PH) aparece na 481ª colocação entre todas as 11 mil escolas avaliadas, a melhor pública de Campos (Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins) ficou na 4.373ª posição. Já o tradicional Liceu de Humanidades de Campos aparece na 6.205ª colocação. Além de figurar na última colocação no ranking do Ideb, que avalia as escolas municipais, o município de Campos também precisa melhorar muito o nível das escolas estaduais. É bom lembrar que até a década de 90 as vagas do Liceu eram disputadas por representantes das mais variadas classes sociais e o nível superava a maioria das escolas privadas.
