Ninguém em sã consciência no Brasil e principalmente, professores e médicos, têm dúvidas, mas, sim certeza de que o modelo - educacional e de saúde - deixa tanto a desejar: está falido.
Os profissionais das duas áreas devem parar de fazer discursos para eles mesmos. O seu comportamento merece uma análise profunda de cientistas sociais, antropólogos, psicólogos de massa e até de psiquiatras para ser entendido. Um e outro participam das assembleias das respectivas categorias, reclamam de tudo e de todos, elaboram ótimas análises, excelentes propostas, em suma, fazem uma catarse, vão para casa e dizem aos seus familiares: “disse tudo, botei para quebrar, formalizei propostas”. Dormem com a convicção do dever cumprido, acreditando que tudo está resolvido. É pouco: não bastam palavras e sim ações.
Vou me permitir, após 44 anos de lida na medicina, na política médica e também como professor da Faculdade de Medicina de Campos – aproveito para parabeniza-la pelos 46 anos e aos fundadores, atuais dirigentes, professores e alunos – propor ações, mas, antes fazer algumas colocações. Quem entende de educação são os pedagogos professores. Quem entende de saúde são estudiosos da saúde coletiva e pública. Médico entende de doença, mas, se começar a estudar e a se aprofundar na saúde coletiva e pública para além de médico assistencial, dominará muito mais do que qualquer um da saúde como um todo.
Isto dito, porque os sindicatos e associações de professores, bem como das áreas da saúde – enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e outros – não convocam os seus “experts” de reconhecido e notório saber, elaborem um projeto nacional na área educacional e de saúde e o apresente não só ao Governo, mas, também ao Congresso Nacional, ao Judiciário e à Nação, através da mídia convocada civicamente para propagá-lo de forma gratuita; afinal os atores citados são os que mandam no país.
A segunda ação: porque os professores e médicos não começam a ensinar, alunos e pacientes, a fim de despertá-los nos seus direitos de cidadania, assim como, não começam a participar da
política partidária e deste modo, contribuir decisivamente para a evolução do país?
Presto a minha homenagem aos professores e médicos, sugerindo mudanças de paradigmas, de posturas e condutas.
Makhoul Moussallem
* Artigo publicado, hoje,18/10, na Folha da Manhã. Makhoul é médico, Conselheiro do Cremerj, coordenador da seccional do norte fluminense e membro do Conselho Federal de Medicina.