Quem é o verdadeiro idiota? O professor ou o gestor?
José Paes 10/10/2013 12:17

Ao longo das últimas semanas, estamos acompanhando inúmeras manifestações de profissionais da educação em todo o país, sobretudo na cidade do Rio de Janeiro, onde professores e policiais mantêm constantes confrontos. Em Campos, os professores também estão lutando por melhorias nas condições de trabalho, já tendo ocorrido diversas manifestações.

Não abordarei neste artigo a legitimidade das reivindicações, muito embora entenda que maioria delas é pertinente e busca por fim ao descaso geral com a educação pública. O foco é outro. O que precisamos discutir, em minha visão, é o desrespeito e a falta de consideração com os profissionais da educação.

No Rio de Janeiro, professores são tratados como bandidos, sendo fortemente repreendidos pela Polícia Militar. Sinceramente, não entendo que a invasão e ocupação de prédios públicos seja o caminho ideal para a conquista de direitos. Mas nada justifica a forma truculenta como a desocupação do prédio ocorreu, muito menos os atos de violência ocorridos nos últimos dias.

Em Campos, felizmente, as manifestações ocorridas na cidade são pacíficas e não há relatos de agressões ou depredações de patrimônio público ou privado. Todavia, considero que o descaso e o deboche do Poder Público trazem prejuízos ainda maiores para os professores e, via de consequência, para a população como um todo.

Como acreditar num projeto de educação pública em que o seu gestor denomina os professores de “idiotas”? Como acreditar num projeto de educação em que o Poder Público fecha os olhos para os manifestantes e os desqualifica? Como acreditar num projeto de educação que privilegia comissionados e contratados em detrimento de concursados? Como estimular os educadores, quando a chefe do Executivo vai a público responsabilizá-los exclusivamente pelo caos da educação?

A aprovação nas urnas, seja ela qual for, não legitima a arrogância e prepotência do gestor público. Não se pode aceitar, que além de desconsiderar e desqualificar os professores manifestantes, a Administração municipal tente repassar para esses profissionais a responsabilidade pela má qualidade da educação pública. Educação não se melhora apenas com obras e compra de materiais. O que precisa ser feito é efetivamente estimular e qualificar o profissional da educação, principal ator do processo educacional. Simplesmente ouvi-los, já seria um importante passo nesse sentido! Pena que não se pensa dessa forma, aqui ou na Capital.

Afinal de contas, quem é o verdadeiro idiota? O professor ou gestor?

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