Boa essa ("A Corrida como Passeata"). Recomendo leitura!
Marcos Almeida 27/09/2013 05:04

Por Danilo Balú

UM BELO TEXTO DO THE WALL STREET JOURNAL me fez imaginar o seguinte CENÁRIO: você chega com seu time em um torneio amador (seja de futebol, vôlei, basquete…). O jogo começa, o árbitro está lá e o placar também. Ao final do campeonato a sua equipe é a campeã e saem todos os times do campeonato premiados com troféus e medalhas… todos rigorosamente IGUAIS. Um time que perdeu feio quase todos os jogos decidiu nem disputar as últimas partidas, mas recebeu seu troféu. Outro time deu W.O., mas na semana seguinte implorou junto à organização que resolveu enviar pelo correio as medalhas e troféus. Todos iguaisPara todos: vencedores, vencidos, desistentes e ausentes.

Parece estranho, não? Você consegue fazer algum paralelo com a corrida hoje? Melhor… Você consegue dizer o que isso se diferencia do atual modelo de PREMIAÇÃO aos amadores nas corridas?

Eu sou velho, sou do tempo que na pista só ganhavam medalhas os 3 MELHORES, e na rua só ganhavam medalhas os primeiros 100 (ou 200, 300…). Meu número de peito era minha recordação nos maus dias.

O crescimento da corrida trouxe muita gente nova e iniciante. Já escrevi aqui e no Recorrido no Webrun que hoje as provas são mais lentas. Sob qualquer parâmetro analisado, elas são BEM mais lentas. Até aí tudo bem, não consigo ver problemas em um mundo que muda tanto e tem mais MULHERES ou iniciantes correndo.

Se a corrida como competição tem alguma essência é a de que ela é um esporte no qual buscamos correr mais longe e mais rápido. E o que dizer quando ela passa a ser quase uma procissão, uma passeata, um desfile? Existem eventos em que o propósito não é competitivo, então nem cronômetro e medalhas existem. Mas e as demais?

Tem um famoso treinador americano que faz programas de treinos para qualquer um correr uma maratona intercalando caminhada e trotes. Esse parece ser o propósito da corrida atual. Se antes havia a quebra de marcas pessoais, hoje ela é um evento basicamente social, no qual a camiseta é fundamental. Numa geração que cresce na questionável cultura do “todos somos vencedores”, medalhar a todos passa a ser regra.

Enfim, quem me conhece sabe que passo longe do saudosismo. Antes não era melhor! Um rápido exercício de pesquisa e veremos que as corridas hoje são melhor organizadas. Mas antes era diferente. A geração atual parece ter outros interesses, e isso é justo. Mas ela também parece ser mais mimada quando o assunto é corrida porque foi balizada equivocadamente do que uma corrida é constituída.

Não sei “onde isso vai parar” porque nunca parei pra pensar justamente porque tenho preguiça do overthinking e da Futurologia, eles me aborrecem. Mas sou da opinião que um papel importante até hoje nunca assumido vem também dos profissionais (leia-se Treinadores) em educar melhor a quem é novo no gingado.

Fonte: http://revistacontrarelogio.com.br/blogs/recorrido/2013/09/26/a-corrida-como-passeata/

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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